Pesquisadores alertam que ferramentas de inteligência artificial estão contribuindo para agravar o problema dos transtornos alimentares. Um relatório divulgado por especialistas da Universidade de Stanford e do Center for Democracy & Technology revelou que chatbots de empresas como Google, OpenAI, Anthropic e Mistral podem oferecer dicas perigosas a pessoas vulneráveis, incluindo conselhos sobre como ocultar sintomas e manter comportamentos nocivos. As informações são do The Verge.
Chatbots e o estímulo a comportamentos de risco
Os pesquisadores identificaram que assistentes virtuais como ChatGPT, Gemini, Claude e Le Chat chegam a fornecer sugestões para disfarçar perda de peso, fingir que a pessoa se alimentou e até esconder episódios de vômito frequente. Além disso, esses sistemas estão sendo usados para criar imagens conhecidas como “thinspiration”, ou “inspiração magra”, que incentivam padrões corporais irreais e potencialmente perigosos.
Pesquisa conclui que chatbots inspiram comportamentos de risco (Imagem: TippaPatt / Shutterstock)
A facilidade de gerar imagens personalizadas torna o conteúdo ainda mais persuasivo e próximo da realidade, o que aumenta o impacto psicológico sobre indivíduos com tendência a desenvolver transtornos alimentares. O estudo também aponta que a chamada sycophancy — tendência dos chatbots a concordar e reforçar as crenças do usuário — agrava o problema ao validar ideias autodestrutivas e comparações negativas sobre o corpo.
Falhas de proteção e falta de preparo clínico
Os especialistas afirmam que os mecanismos de segurança atuais não são suficientes para lidar com a complexidade dos transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar. Segundo o relatório, essas proteções não identificam sinais sutis que profissionais de saúde mental costumam reconhecer, deixando muitos riscos sem controle.
Entre os principais problemas destacados:
Falta de filtros eficazes para detectar linguagem associada a transtornos alimentares;
Respostas enviesadas que reforçam estereótipos de gênero e corpo;
Pouca conscientização de profissionais de saúde sobre o impacto das IAs nesses casos.
As medidas de segurança existentes ainda não conseguem acompanhar a complexidade dos transtornos alimentares (Imagem: Igor Link/Shutterstock)
Os pesquisadores recomendam que médicos e terapeutas se familiarizem com as principais ferramentas de IA, testem seus limites e conversem com pacientes sobre o uso desses recursos. O relatório reforça ainda que empresas como OpenAI e Google reconhecem o potencial de danos e vêm enfrentando ações judiciais enquanto tentam aprimorar suas salvaguardas.
Leia mais:
Existe vício em comida? Entenda o que ocorre no cérebro
Por que o intestino é considerado o segundo cérebro?
Estudo testa implante no cérebro humano para evitar compulsão alimentar
O post Chatbots de IA podem agravar transtornos alimentares, dizem pesquisadores apareceu primeiro em Olhar Digital.





