Astrônomos não costumam gostar de nuvens. Elas ficam na frente dos astros e costumam atrapalhar a visão durante observações. Mas pode haver um lado positivo: os microorganismos presentes nas nuvens da Terra podem ajudar a encontrar vida nos exoplanetas (se ela existir).
A pesquisa sobre o assunto foi publicada nesta semana no periódico Astrophysical Journal Letters.
Nuvens podem ajudar a ciência
A ideia do trabalho começou com a astrobióloga Ligia Coelho, pós-doutoranda em astronomia na Universidade Cornell. As nuvens costumam atrapalhar a visão dos astros, mas ela lembrou que também guardam uma comunidade vibrante de microorganismos que produzem biopigmentos coloridos.
Esses biopigmentos existem na Terra – em seres humanos, algas, planetas e outros animais – e nas nuvens. Por lá, os microorganismos produzem os biopigmentos para se protegerem contra raios ultravioleta.
A partir dessa ideia, uma equipe de pesquisadores de Cornell resolveu investigar se há microorganismos nas nuvens de exoplanetas, algo que poderia ajudar a encontrar vida fora da Terra.
Vida em exoplanetas?
A equipe desenvolveu espectros de refletância, uma espécie de legenda para as cores dos microorganismos coloridos que vivem nas nuvens da Terra. Então, resolveram aplicar essa mesma métrica para as nuvens de fora do nosso planeta.
Ao analisar as nuvens de exoplanetas, eles determinaram que aquelas com os microorganismos coloridos teriam uma aparência diferente daquelas que não os têm.
Isso não responde se há, de fato, vida fora da Terra, mas abre uma possibilidade completamente nova para estudar essa hipótese.
Encontrar vida colorida na atmosfera da Terra abriu uma possibilidade completamente nova para encontrarmos vida em outros planetas. Agora, temos a chance de descobrir vida mesmo que o céu esteja cheio de nuvens em exoplanetas.
Lisa Kaltenegger, professora de astronomia da Universidade Cornell, em comunicado
No futuro, telescópios como o Observatório de Mundos Habitáveis (HWO), ada NASA, e o Extremely Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul podem ajudar a complementar as buscas por vida extraterrestre.
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