As vendas de carros elétricos estão crescendo rapidamente na América do Sul, mesmo sem a presença oficial da Tesla na maioria dos mercados da região. O avanço é puxado principalmente por fabricantes chineses, que ampliam sua participação com modelos mais acessíveis e estratégias de distribuição agressivas. As informações são da Reuters.
Um exemplo dessa expansão acontece no Peru. Em 2019, o empreendedor de energia renovável Luis Zwiebach precisou viajar até a Califórnia para testar um Tesla Model 3, já que a marca não contava com importadores locais. Após enfrentar dificuldades para trazer o veículo para o país, acabou comprando um modelo importado por outro proprietário. Na época, até carregar o carro era um desafio. Sem aterramento adequado na casa de praia de um amigo, ele improvisou um método que permitiu abastecer o veículo.
Tesla ainda não tem forte presença na América do Sul. Imagem: Robert Way/iStock
Crescimento acelerado impulsiona mercado de carros elétricos
A realidade mudou rapidamente. Embora a Tesla ainda não tenha showroom no Peru, o mercado foi inundado por modelos elétricos chineses de fabricantes como BYD, Geely e GWM, vendidos por cerca de 60% do preço de um Tesla. Marcas tradicionais como Toyota, Kia e Hyundai também seguem na disputa e ampliam a variedade de opções disponíveis.
O impacto do avanço chinês é visível nos números. Dos 135.394 carros novos vendidos no Peru entre janeiro e setembro, uma parcela ainda pequena corresponde a elétricos. Mesmo assim, o segmento está em forte expansão. As vendas combinadas de híbridos e elétricos atingiram 7.256 unidades no período, um salto de 44% em relação ao ano anterior.
A abertura do Porto de Chancay, construído pela China ao norte de Lima, acelerou ainda mais esse movimento. O novo megacomplexo reduziu pela metade o tempo de transporte marítimo entre a Ásia e a América do Sul, coincidindo com o momento em que fabricantes chineses enfrentam barreiras comerciais nos Estados Unidos e na Europa.
Mercado automotivo latino foi inundado por modelos elétricos chineses de fabricantes como BYD, Geely e GWM (Imagem: Robert Way/iStock)
Oferta maior e novos hábitos impulsionam a adoção de elétricos
Além de BYD, que prevê inaugurar seu quarto concessionário em Lima até o fim do ano, marcas como Chery e Geely já somam mais de uma dezena de lojas no país. Segundo Zwiebach, mais de dois carros elétricos novos são vendidos diariamente no Peru, um ritmo que o levou a expandir sua própria empresa de energia renovável.
Ele relata que a procura crescente por carregadores residenciais acompanha o aumento de vendas de carros elétricos. Entre seus clientes estão incorporadoras imobiliárias, centros comerciais e universidades. Em um caso, a instalação de um carregador foi decisiva para a venda de uma cobertura.
A expansão das montadoras chinesas também é sustentada por uma conjuntura global: a guerra de preços no mercado interno chinês e o excesso de produção, que tem direcionado grandes volumes de veículos para regiões como Oriente Médio, Ásia Central e América Latina.
A procura crescente por carregadores residenciais acompanha o aumento de vendas de carros elétricos (Imagem: @frimufilms/Freepik)
Entre os fatores que impulsionam o avanço dos carros elétricos na região estão:
maior oferta de modelos chineses com preços reduzidos;
abertura do Porto de Chancay, que acelerou importações;
aumento do interesse de consumidores e empresas em infraestrutura de recarga.
A combinação desses elementos tem transformado o Peru e outros países da região em mercados estratégicos para montadoras que buscam novos destinos para seus veículos elétricos.
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