Faz muito tempo que a Cidade Proibida, em Pequim, deixou de ser efetivamente “proibida” para o público: o museu foi convertido em museu em 1925, há exatamente um século. Nesse tempo todo, porém, um lugar seguia oculto: o Jardim Qianlong, enfim restaurado e aberto aos visitantes no final de setembro, como parte das comemorações do centenário da instituição.
Reformado ao longo dos últimos 25 anos por meio de uma parceria entre o Museu do Palácio e o World Monument Fund (WMF), o espaço pode ser visitado pela primeira vez desde que foi construído, ainda no século 18.
A história do Jardim Qianlong
Também conhecido como Palácio da Longevidade Tranquila, esse setor da Cidade Proibida começou a ser construído em 1771 para servir como residência do imperador Qianlong após sua eventual aposentadoria. O próprio monarca chegou a fazer uma promessa: ele abdicaria e nomearia um sucessor caso chegasse vivo aos 85 anos, e então se mudaria para lá.
Graças a decreto imperial que proibia alterações, decoração interior permaneceu intocada desde o século 18Palace Museum/Divulgação
Só que isso nunca aconteceu. Qianlong até viveu mais do que o previsto, e seguiu aferrado ao poder até o dia da própria morte, em 1799, a alguns meses de distância do que seria seu 88º aniversário. Sem abdicação, sem aposentadoria: embora o Jardim Qianlong já estivesse pronto havia mais de duas décadas no momento de sua morte, o imperador jamais se mudou para lá.
Isoladamente, essa anedota sobre a história do palácio já ajudaria a entender como ele ficou “esquecido” em meio ao complexo que hoje faz parte do Museu do Palácio. Mas houve um detalhe a mais: enquanto ainda vivia, o imperador emitiu um decreto – que seria respeitado pelas gerações seguintes – exigindo que o palácio jamais fosse modificado. Quase como um tombamento do patrimônio histórico antes mesmo do conceito existir!
O resultado dessa longa trajetória foi um setor virtualmente inutilizado em um canto da Cidade Proibida. Mesmo quando o poder imperial ficou para trás e o palácio virou museu, e até mesmo depois da Revolução Chinesa triunfar definitivamente em 1949, nenhum projeto para dar uso à área foi adiante. O Jardim Qianlong seguiu existindo, intocado, até a virada do século, quando os planos de restauração começaram a sair do papel.
Destaques e como visitar
Se no século 18 o Palácio da Longevidade Tranquila levou apenas cinco anos para ser construído, no século 21 o cuidado extra para garantir que nada fosse danificado quintuplicou esse tempo: foram 25 anos de trabalhos até abri-lo ao público, com uma série de atrasos pelo caminho – a timeline original para a construção, que já era generosa, previa uma reinauguração em 2017.
Imperador Qianlong deveria ter vivido a “aposentadoria” no palácio, mas nunca abdicouPalace Museum/Divulgação
O decreto conservacionista pioneiro do imperador Qianlong também garantiu características que tornam esse monumento ainda mais interessante. Embora o jardim ao redor dos pavilhões seja atrativo por si mesmo, o diferencial é o que está dentro: ao contrário do restante da Cidade Proibida, que seguiria sendo habitada por quase 150 anos a mais, esse palácio não sofreria qualquer alteração, mantendo o que o WMF definiu como “os mais significativos interiores autênticos da China Imperial a sobreviverem” até os nossos dias.
Partes do palácio ainda seguem fechadas ao público, até a conclusão definitiva dos trabalhos de restauração, mas já é possível visitá-lo com hora marcada – a dica é integrar o Jardim Qianlong a um passeio mais amplo pelo restante da Cidade Proibida. Mais informações sobre ingressos para o Museu do Palácio e o Jardim Qialong podem ser consultadas no site oficial.
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