Diuréticos para emagrecer: saiba quais são os riscos dos remédios

A pressa por ver números menores na balança tem levado muita gente a recorrer aos diuréticos como se fossem uma solução rápida. A sensação de “secar” em pouco tempo até faz parecer que o método funciona, mas o peso perdido vem da eliminação forçada de água e sais minerais, não de gordura.

Por isso, o resultado com o método é passageiro. Além da desidratação, a perda rápida de líquido altera a ação dos hormônios, desorganiza processos internos e abre caminho para uma série de problemas, como risco de arritmias, queda de pressão e sobrecarga nos rins.

Leia também

Claudia Meireles

Veja os perigos do uso de laxantes ou diuréticos sem prescrição médica

São Paulo

Conheça os chás diuréticos que fazem sucesso nas bancas de ervas de SP

Vida & Estilo

Quatro chás anti-inflamatórios, diuréticos e que estimulam o colágeno

Vida & Estilo

Chás diuréticos podem causar desidratação? Entenda os riscos

Como os diuréticos agem no corpo e por que o emagrecimento é ilusório

Os diuréticos foram desenvolvidos para tratar doenças que causam retenção de líquidos, como insuficiência cardíaca, hipertensão, cirrose e problemas renais. Por isso, eles funcionam reduzindo o volume de água e sódio que circulam no corpo. Isso permite o alívio de sintomas como inchaço e falta de ar.

Entretanto, fora desse contexto clínico, o efeito muda completamente. A perda acelerada de líquido esvazia as reservas internas e leva embora minerais fundamentais para o funcionamento dos órgãos, como o sódio, potássio e magnésio.

Esses minerais participam da atividade elétrica do coração, da contração muscular e da comunicação entre células nervosas. A diminuição dos elementos desorganiza o conjunto e interfere no metabolismo hormonal, que passa a tentar recuperar o que foi perdido de forma agressiva.

Diuréticos reduzem água e minerais, criando um “emagrecimento” temporário e prejudicando funções do organismo

O endocrinologista Thiago Fraga Napoli, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (SBEM-SP), destaca que os efeitos dos diuréticos vão muito além da perda momentânea de líquido.

“Ao perder líquido de forma forçada, o corpo entende que está em ‘alerta’ e ativa mecanismos para reter ainda mais água. Hormônios como a aldosterona e o cortisol sobem, o que pode piorar o controle do açúcar no sangue”, afirma Fraga.

O especialista ainda ressalta que essa alteração nos hormônios pode causar sintomas como cansaço, tontura, arritmia e inchaço de rebote.

Principais sinais da perda excessiva de minerais

A eliminação excessiva de minerais desorganiza o funcionamento do corpo e provoca sintomas em sequência. Os primeiros costumam ser discretos, mas já apontam que o organismo está perdendo mais do que deveria. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os principais sinais. Dentre eles, destacam-se:

Sede intensa.
Fadiga, fraqueza e tontura.
Palpitações e queda de pressão.
Aceleração dos batimentos cardíacos.
Redução do volume urinário.
Episódios de confusão mental.

Além disso, cada mineral perdido desencadeia efeitos específicos no organismo. A queda de sódio pode provocar dor de cabeça, náuseas, sonolência e, em situações mais graves, convulsões.

Já a redução do potássio favorece arritmias, câimbras, constipação e sensação de fraqueza muscular. A falta de magnésio, por sua vez, aumenta a irritabilidade, causa tremores e torna o coração mais suscetível a arritmias.

Elber Rocha, coordenador de nefrologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, destaca que o organismo tenta se defender da perda contínua de minerais, mas esse esforço nem sempre é suficiente para proteger o órgão a longo prazo.

“Se a perda de eletrólitos acontece de forma contínua, o rim tenta se defender reduzindo o fluxo de sangue. Esse mecanismo de adaptação pode causar lesões permanentes, especialmente nos túbulos renais. É por isso que o uso estético de diuréticos representa um risco concreto de insuficiência renal”, explica Rocha.

Alternativas para emagrecer sem diuréticos

O emagrecimento saudável depende de combinações como alimentação equilibrada, treino regular — especialmente de força —, sono adequado e controle do estresse. Se necessário, os médicos podem indicar medicamentos seguros e aprovados.

Os diuréticos possuem uso exclusivo em condições clínicas específicas. Fora dessas situações, deixam de ser terapêuticos e representam um risco real, sem entregar qualquer resultado estético duradouro.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!