Durante uma apresentação realizada na Zona Azul da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), no estande da Finlândia, na sexta-feira (14), o físico e climatologista Paulo Artaxo afirmou que o mundo está prestes a superar o limite de 1,5 ºC de aquecimento médio, estando no caminho para chegar a 2,8 °C.
Além disso, o Brasil, por estar em uma região tropical continental, corre o risco de sofrer impactos mais intensos, chegando a um aumento de 4 ºC a 4,5 ºC em relação ao período pré-industrial.
O limite de 1,5 °C foi determinado no Acordo de Paris, em 2015, e é tido pela comunidade científica como um número seguro para evitar que a crise climática piore.
Leia mais:
Estudo aponta que emissão de CO₂ por conta de combustíveis fósseis baterá recorde em 2025
Lagos da Amazônia ultrapassam 40 °C e provocam morte em massa de botos
Estudo mostra que 82% dos brasileiros estão preocupados com mudanças climáticas
(Imagem: tete_escape/Shutterstock)
Como frear o possível aumento
Conforme destacado na Agência Fapesp, Artaxo afirmou que existe a necessidade de “adotar técnicas como a chamada carbon dioxide removal, ou seja, remover dióxido de carbono (CO2) que já foi emitido para a atmosfera nas últimas décadas. Há algumas potenciais maneiras de fazer isso, sendo uma delas a recuperação ecológica em larga escala, ou seja, recuperar áreas de florestas, replantando o que desmatamos.”
O físico e climatologista ainda completou dizendo que “o problema é que nenhuma técnica existente hoje efetivamente funciona na escala necessária e com um preço que possa ser pago. O alto custo chega a milhares de dólares por tonelada de CO2 removida. O que não quer dizer que a ciência daqui a 20, 30, 40 anos não desenvolva outras técnicas inovadoras. Por isso, a melhor solução é atacar o problema pela raiz, fazendo uma transição energética justa e rápida e acabando com a exploração de combustíveis fósseis.”
Ele ainda comentou que projetos de restauração ecológica são essenciais para a revitalização de serviços ecossistêmicos, como a manutenção do regime de chuvas. No entanto, a escala das iniciativas não é suficiente para a continuação da utilização de combustíveis fósseis.
(Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)
“Não vai ser possível plantar árvores suficientes na superfície da Terra para sequestrar CO₂ se continuarmos emitindo como hoje”, afirmou.
Conforme informações da Agência Fapesp, o Brasil vem trabalhando nos bastidores para tornar oficial um roadmap – mapa do caminho para a descarbonização dos setores da economia. A previsão é que ele seja concluído na sexta-feira (21). Diversos países da Europa e também em desenvolvimento já aderiram à proposta.
Impactos do aumento
Na declaração sobre o estado atual das negociações da COP, divulgada no Pavilhão de Ciências Planetárias, cientistas comentam sobre os impactos do aquecimento global.
(Imagem: 418studio/Shutterstock)
“Cada aumento de 0,1 °C no aquecimento global resulta em impactos e riscos substancialmente maiores, incluindo ondas de calor mais longas e mortais, incêndios florestais mais frequentes e intensos, tempestades e precipitações extremas, com danos desproporcionais a comunidades vulneráveis, economias frágeis e povos indígenas. Isso significa que a adaptação deve ser um foco importante na COP30”, escrevem os cientistas.
O post COP30: aquecimento no Brasil pode ser quase o dobro do global, alcançando 4,5°C apareceu primeiro em Olhar Digital.






