O que é andropausa e por que ela acontece?

O envelhecimento traz transformações que vão muito além da aparência. No caso dos homens, uma das alterações mais comentadas é a queda gradual da testosterona, hormônio que influencia diversos aspectos do bem-estar físico e emocional. Essa fase, chamada de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), é mais conhecida como andropausa e costuma surgir de forma lenta, sem um marco definido.

É justamente essa progressividade que faz com que muitos homens confundam os sinais com cansaço, estresse ou excesso de trabalho.

Embora faça parte do processo natural de envelhecer, a andropausa ainda encontra barreiras de informação e tabu.

Não é raro que sintomas passem despercebidos durante anos, em parte porque a procura por acompanhamento médico costuma ser baixa. Dados do Centro de Referência em Saúde do Homem mostram que grande parte dos pacientes só busca ajuda após incentivo da família, o que atrasa o diagnóstico e dificulta o cuidado contínuo.

Por que a testosterona diminui

A queda hormonal começa geralmente após os 40 anos, quando o organismo reduz a produção de testosterona em um ritmo médio de 1% a 2% ao ano. O urologista Adelmo Aires Negre explica que esse processo é natural e varia bastante entre os indivíduos.

“Esse é um processo natural em que há uma redução gradual da produção de testosterona. Diferente da menopausa feminina, ela não ocorre de forma abrupta, mas sim progressiva, variando de homem para homem”.

Além do próprio envelhecimento, existem fatores que podem acelerar o declínio hormonal, como sedentarismo, excesso de peso, consumo de álcool, tabagismo, estresse contínuo, privação de sono, uso de determinados medicamentos e doenças metabólicas como diabetes e hipertensão.

Como identificar os sintomas

Os sinais da andropausa não surgem de uma vez. Eles aparecem aos poucos e tendem a se intensificar ao longo dos anos. Negre explica que alguns dos sintomas mais frequentes envolvem queda da disposição, diminuição da libido, dificuldade de ereção, alterações do sono, irritabilidade, desânimo, perda de massa muscular e acúmulo de gordura abdominal. Também podem ocorrer mudanças na memória e na concentração. “Esses sintomas merecem investigação, pois podem estar ligados não só à queda hormonal, mas também a doenças associadas, como obesidade, diabetes ou depressão”.

Como muitos desses sinais são inespecíficos, apenas uma avaliação profissional pode confirmar se a causa está na queda hormonal ou em outros problemas de saúde.

O que fazer para amenizar os efeitos

Antes de pensar em reposição hormonal, os especialistas defendem que o primeiro passo está no estilo de vida. Negre ressalta que “a base do tratamento começa muito antes da reposição hormonal”. Hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada, controle do estresse e sono de qualidade são fundamentais para reduzir os sintomas e melhorar o bem-estar geral.

Práticas simples como evitar tabaco e álcool, dar atenção ao descanso noturno e incluir momentos de lazer e convívio social ajudam a reorganizar o equilíbrio hormonal. Essas mudanças não substituem o acompanhamento médico, mas fazem parte do processo de tratamento.

A vida sexual também muda

O impacto hormonal atinge diretamente o desejo sexual e a função erétil, mas isso não significa que a vida sexual precisa perder qualidade. A prática regular de exercícios, o sono adequado e a alimentação correta têm influência direta na função sexual.

Negre aponta que “a sexualidade masculina é influenciada por três pilares, hormônio, emoção e relacionamento”, e que buscar apoio profissional ajuda a lidar com dificuldades e a encontrar estratégias eficazes.

Hoje existem tratamentos individualizados para disfunção erétil e reposição hormonal quando necessária, sempre com monitoramento de exames e riscos. “Hoje dispomos de terapias modernas e individualizadas, que permitem ao homem recuperar a confiança e manter uma vida sexual plena, sem riscos quando bem acompanhadas”.

Quando procurar atendimento médico

Saber o momento certo de buscar ajuda é essencial. Negre explica que o ideal é procurar avaliação quando os sintomas começam a interferir na qualidade de vida, seja por queda de energia, libido reduzida ou desânimo constante.

A investigação inclui análise clínica detalhada, exames de sangue e avaliação geral da saúde para entender o quadro hormonal e possíveis condições associadas.

O que é andropausa e por que ela acontece? Foto: FreePik

O acompanhamento também pode envolver nutricionistas, educadores físicos e psicólogos. “Se confirmada a deficiência androgênica, o urologista discutirá a reposição hormonal, sempre com segurança, monitorando exames e riscos cardiovasculares e prostáticos”.

Como encarar essa fase com equilíbrio

A visão sobre o envelhecimento é parte importante desse processo. Segundo Negre, “o envelhecimento masculino é um processo natural e pode ser vivido com saúde, vitalidade e equilíbrio”.

Ele reforça que “a andropausa não deve ser vista como um problema, mas como um convite para cuidar do corpo, da mente e da autoestima. O homem que busca acompanhamento médico e adota hábitos saudáveis não apenas vive mais, mas vive melhor”.

Resumo:
A andropausa é marcada pela queda gradual da testosterona, que influencia energia, humor, libido e composição corporal. O diagnóstico envolve avaliação clínica e exames, e o tratamento começa por mudanças no estilo de vida, podendo incluir reposição hormonal quando necessário. Com cuidado adequado, é possível atravessar essa fase com bem-estar e qualidade de vida.

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