Após quatro anos rastreando o som do animal, pesquisadores norte-americanos e mexicanos encontraram um grupo de baleias-bicudas-de-ginkgo (Mesoplodon ginkgodens), uma espécie nunca avistada viva por especialistas.
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O achado ocorreu em junho de 2024 na costa da Baixa Califórnia, no México, em descoberta liderada pela Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos. Os resultados foram publicados na revista científica Marine Mammal Science no final de julho.
À bordo do navio de pesquisa Pacific Storm, o encontro aconteceu de forma inesperada: os pesquisadores estavam tomando café da manhã no barco, quando avistaram dois animais da família das baleias-de-bico. Rapidamente, eles disparam uma flecha e conseguiram capturar um pedaço da pele de uma delas.
Após análises, foi possível identificar que tratava-se de um exemplar da rara espécie baleia-bicuda-de-ginkgo. “Não consigo nem descrever a sensação, porque era algo pelo qual trabalhamos durante tanto tempo. Todos no barco estavam comemorando porque tínhamos conseguido, finalmente tínhamos conseguido”, exalta a autora principal do estudo, Elizabeth Henderson, em entrevista ao portal britânico The Guardian.
Desde 2020, a equipe de pesquisa tentava encontrar um grupo de baleias que emitia um som característico e intrigante. Inicialmente, eles pensavam ser da baleia-de-bico-de-Perrin, mais uma espécie nunca vista na natureza, mas posteriormente confirmaram se tratar de outra.
Por que é tão difícil encontrar essa espécie de baleia?
São raros os encontros de espécies pertencentes à família das baleias-de-bico. Isso porque elas são mamíferos localizados mais para a parte funda do mar, passando grande parte da vida dentro dos oceanos. Quando vem à superfície para respirar, elas aparecem apenas por alguns minutos e normalmente longe da costa, dificultando a visualização. Além disso, são animais mais “assustados” — ao se deparar com barcos, fogem.
A maioria das espécies já descritas é baseada em animais mortos achados nas praias. Aos poucos, os pesquisadores estão descobrindo mecanismos para localizá-las. Nesse achado, foram usados materiais com alta tecnologia, como hidrofones para escutar sons subaquáticos e binóculos de alta potência.
“A Sociedade de Mamíferos Marinhos tem uma lista de 94 espécies de cetáceos reconhecidas. Um quarto delas são baleias-de-bico, mas a maioria das pessoas nunca ouviu falar delas. Esses são os maiores e menos conhecidos animais que restam no planeta”, aponta o coautor do artigo, Robert Pitman, da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos.
Após o achado, os pesquisadores pretendem continuar a busca de mais animais raros e o próximo a estar “no alvo” deles é outro mamífero: a baleia-de-Perrin (Mesoplodon perrini). Até hoje, o bicho foi encontrado apenas seis vezes, encalhado e em estado de decomposição avançado.
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