Ter amigos por perto para conversar e compartilhar momentos torna a vida mais leve, mas esse não é único benefício. De acordo com uma pesquisa publicada na revista Brain, Behavior and Immunity – Health em outubro, ter boas relações sociais durante a vida pode retardar o processo de envelhecimento em nível celular.
Para fazer o estudo, pesquisadores de três universidades dos Estados Unidos consideraram vários tipos de amizade e relacionamentos positivos, incluindo carinho e apoio dos pais na infância, conexão com a comunidade e vizinhança, participação em grupos religiosos e apoio emocional de amigos e familiares na vida adulta.
Os resultados mostraram que, quanto mais se acumula situações assim durante a vida, mais a idade biológica diminui, com menor risco de desenvolver doenças crônicas.
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A análise foi feita com dados de 2,1 mil adultos norte-americanos. Assim, os pesquisadores identificaram que os efeitos das amizades “mexiam” com os relógios epigenéticos, usados para estimar a idade biológica, e não diretamente com a idade cronológica. Também foi possível identificar níveis mais baixos de inflamação crônica, outro motivo que desacelera o envelhecimento.
“Este artigo se baseia em um estudo fundamental, mostrando como a vantagem social cumulativa se relaciona com resultados positivos de saúde. Este novo estudo aprofunda-se nos mesmos dados para entender os mecanismos biológicos – essencialmente, como as conexões sociais penetram em nossa pele para afetar o envelhecimento em nível molecular”, explica o autor principal do estudo, Anthony Ong, em comunicado.
Ter amigos influencia internamente
Para avaliar o efeito das relações sociais, os pesquisadores focaram em dois modelos de relógios epigenéticos: GrimAge e DunedinPACE. Ambos estimam o ritmo do envelhecimento biológico relacionado ao risco do indivíduo adoecer ou morrer.
Adultos que acumulavam mais situações favoráveis durante a vida eram mais jovens nesses marcadores. Além disso, tinham níveis mais baixos de interleucina-6, uma molécula ligada ao risco de doenças cardíacas, diabetes e neurodegeneração.
No entanto, não foi detectada diminuição significativa no nível de estresse a curto prazo, indicando que as vantagens ligadas às amizades e carinho ao longo da vida ocorrem a longo prazo e não imediatamente.
“O que impressiona é o efeito cumulativo: esses recursos sociais se complementam ao longo do tempo. Não se trata apenas de ter amigos hoje; trata-se de como suas conexões sociais cresceram e se aprofundaram ao longo da sua vida. Esse acúmulo molda sua trajetória de saúde de maneiras mensuráveis”, destaca Ong.
Mas os cientistas ressaltam: os recursos são cumulativos durante a vida e não significa que fazer uma amizade ou realizar um trabalho voluntário do nada vão reverter seu relógio biológico imediatamente.
“Pense nas conexões sociais como uma conta de aposentadoria. Quanto mais cedo você começar a investir e quanto mais consistentemente contribuir, maiores serão seus retornos”, exemplifica o pesquisador.
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