As principais empresas globais de tecnologia estão adotando uma nova estratégia para financiar suas operações: recorrer ao mercado de dívidas.
Juntas, essas companhias já levantaram quase US$ 100 bilhões (R$ 538,7 bilhões) em ofertas recentes de títulos, movimento impulsionado pela necessidade de ampliar rapidamente suas infraestruturas de inteligência artificial (IA) e computação em nuvem. A mudança contrasta com a preferência histórica do setor por realizar investimentos utilizando caixa próprio. As informações são da Reuters.
Analistas apontam que a corrida pela inteligência artificial exige gastos cada vez maiores. Amazon, Microsoft, Google, Oracle e Meta devem praticamente dobrar o volume aplicado no ano passado, alcançando US$ 400 bilhões (R$ 2,1 trilhões) destinados a data centers.
O alerta, porém, vem do próprio CEO da Alphabet (controladora do Google), Sundar Pichai: nenhuma empresa estará imune caso uma possível bolha de IA estoure. Ainda assim, as projeções continuam otimistas — o Deutsche Bank estima que os aportes globais ligados à tecnologia podem atingir US$ 4 trilhões (R$ 21,5 trilhões) até 2030.
Dívidas bilionárias para sustentar a expansão da IA
A Amazon foi uma das primeiras a se movimentar. Em 17 de novembro, a empresa anunciou a intenção de captar US$ 15 bilhões (R$ 80,8 bilhões) em sua primeira emissão de títulos em dólares desde 2021.
O apetite dos investidores foi evidente: a operação atraiu US$ 80 bilhões (R$ 431 bilhões) em demanda. Mesmo com US$ 66,92 bilhões (R$ 360,5 bilhões) em caixa, a companhia mantém US$ 69,29 bilhões (R$ 373,3 bilhões) em dívidas, e seu próximo pagamento está previsto para dezembro de 2025.
A Oracle segue caminho semelhante. Em setembro, a empresa protocolou uma oferta de aproximadamente US$ 18 bilhões (R$ 96,9 bilhões) para financiar infraestrutura de IA, após já ter investido bilhões no ano. A companhia acumula US$ 101,25 bilhões (R$ 545,5 bilhões) em dívidas e possui US$ 10,45 bilhões (R$ 56,3 bilhões) em caixa.
A Verizon também entrou no movimento, embora com outro objetivo: captar US$ 11 bilhões (R$ 53,8 bilhões) para auxiliar na aquisição de US$ 20 bilhões (R$ 107,7 bilhões) da Frontier Communications. A empresa tem hoje US$ 139,62 bilhões (R$ 752,2 bilhões) em dívidas e apenas US$ 7,71 bilhões (R$ 41,5 bilhões) disponíveis em caixa.
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A Alphabet anunciou, no início de novembro, planos para levantar US$ 17,5 bilhões (R$ 94,2 bilhões) nos EUA e mais 6,5 bilhões de euros (R$ 40,3 bilhões) na Europa. O montante deve ser usado em propósitos corporativos gerais, incluindo o pagamento de dívidas existentes. Atualmente, a companhia mantém US$ 48,78 bilhões (R$ 262,8 bilhões) em débitos e US$ 23,09 bilhões (R$ 124,4 bilhões) em caixa.
Já a Meta realizou sua maior oferta de títulos até hoje, buscando até US$ 30 bilhões (R$ 161,6 bilhões) para financiar sua expansão em IA.
A empresa vive um período de forte pressão de custos, impulsionada pelo desenvolvimento de centros de dados — incluindo o projeto Hyperion, que acaba de garantir um acordo privado de US$ 27 bilhões (R$ 145,4 bilhões) — e pela contratação acelerada de especialistas no setor. A companhia possui US$ 59 bilhões (R$ 317,9 bilhões) em dívidas e US$ 10,19 bilhões (R$ 54,9 bilhões) em caixa.
Resumo das captações recentes das big techs
Amazon: US$ 15 bilhões (R$ 80,8 bilhões) captados; US$ 69,29 bilhões (R$ 373,3 bilhões) em dívidas;
Oracle: US$ 18 bilhões captados (R$ 96,9 bilhões); US$ 101,25 bilhões (R$ 545,5 bilhões) em dívidas;
Verizon: US$ 11 bilhões (R$ 53,8 bilhões) captados; US$ 139,62 bilhões (R$ 752,2 bilhões) em dívidas;
Alphabet: US$ 17,5 bilhões (R$ 94,2 bilhões) nos EUA e 6,5 bilhões de euros (R$ 40,3 bilhões) na Europa;
Meta: até US$ 30 bilhões (R$ 161,6 bilhões) para expansão em IA.
O crescente recurso às dívidas mostra que o setor está disposto a assumir riscos significativos para não perder espaço na corrida global da inteligência artificial. Mesmo com alertas de possível superaquecimento do mercado, o investimento permanece em alta — e deve continuar moldando o ritmo da indústria nos próximos anos.
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