Até 3 milhões de empregos de baixa qualificação podem desaparecer no Reino Unido nos próximos 12 anos devido à expansão da automação e da inteligência artificial (IA), segundo um novo relatório da Fundação Nacional para Pesquisa Educacional (NFER).
As funções mais vulneráveis incluem comércio, operação de máquinas e tarefas administrativas. Ao mesmo tempo, a demanda por profissionais altamente qualificados tende a aumentar, impulsionada pela maior carga de trabalho gerada pelos avanços tecnológicos — ao menos no curto e médio prazo.
Apesar das perdas previstas, o estudo projeta a criação de 2,3 milhões de novas vagas até 2035, embora de forma desigual entre setores e regiões.
Sinais contraditórios do mercado
As conclusões da NFER contrastam com pesquisas recentes que apontam maior impacto da IA justamente em empregos de alta qualificação, como engenharia de software e consultoria de gestão.
Um estudo do King’s College estimou uma redução de 9,4% nos postos de trabalho em empresas com salários mais altos entre 2021 e 2025, especialmente após o lançamento do ChatGPT.
O próprio governo britânico lista consultores de gestão, psicólogos e profissionais jurídicos como os mais expostos à automação, enquanto categorias como atletas, telhadores e pedreiros aparecem como menos suscetíveis.
Exemplos recentes já começam a aparecer: o escritório Clifford Chance anunciou a demissão de 10% de sua equipe administrativa, citando a IA como um dos fatores.
A PwC também revisou para baixo seu plano de contratar 100 mil funcionários até 2026.
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Impactos complexos e incertezas sobre o futuro do trabalho
Jude Hillary, coautor do relatório, afirma que previsões alarmistas sobre perdas impulsionadas pela IA podem ser precipitadas. Ele sugere que demissões atribuídas à tecnologia podem refletir, na verdade, uma economia estagnada, custos trabalhistas crescentes e cautela por parte dos empregadores.
Segundo ele, os efeitos da IA serão complexos: aumento de demanda em funções profissionais, queda em vagas de entrada e forte redução em ocupações de baixa qualificação — o cenário mais preocupante.
“Os trabalhadores deslocados, entre um e três milhões de pessoas, enfrentam barreiras significativas para retornar ao mercado”, alertou.
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