Veja novas imagens impressionantes do cometa interestelar 3I/ATLAS

Novas imagens do cometa interestelar 3I/ATLAS, feitas por telescópios na Terra, surpreendem ao mostrar detalhes muito mais nítidos e esteticamente impressionantes do que os registros divulgados pela NASA em uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo na última semana. 

Enquanto as fotos espaciais exibem apenas um ponto borrado, as captadas no solo revelam a coma mais clara e expandida, além de uma cauda bem pronunciada. Essas diferenças chamam atenção e geram dúvidas, mas têm explicações técnicas simples.

Vista aproximada do cometa 3I/ATLAS em 17 de novembro, a partir de Aguadilla, Porto Rico, mostra nitidamente a cauda espalhada para várias direções. Crédito: Efrain Morales via Spaceweather.com

Por que as imagens da NASA são “modestas”

Diferentemente do que muitos podem pensar, as imagens divulgadas pela NASA ficaram discretas não por falta de transparência da agência sobre o 3I/ATLAS, mas porque foram feitas com instrumentos que não possuem sensibilidade para registrar um cometa tão distante e pouco brilhante. 

Conforme explica o astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e colunista do Olhar Digital, o 3I/ATLAS não se aproxima muito do Sol, o que reduz a quantidade de gás e poeira liberada. Sem esse material iluminado, o cometa fica visualmente menos desenvolvido. 

Além disso, também conta o fator distância. “Mesmo a partir de Marte, de onde ele passou a apenas 30 milhões de km, o 3I/ATLAS aparece tão pequeno no céu que seu núcleo poderia ser visto através da fenda de uma agulha”, compara Zurita. “Aí, os instrumentos do Perseverance e da Mars Reconnaissanse Orbiter (MRO), projetados para registrar a superfície do Planeta Vermelho, quando olham para esse astro distante, só enxergam mesmo um pontinho esfumaçado”. 

À esquerda, uma imagem do cometa 3I/ATLAS obtida por um telescópio terrestre em 19 de novembro a partir de Horni Rasnice, na República Tcheca. À direita, uma captura feita pela sonda MRO, da NASA, que orbita Marte. Créitos: Martin Gembec via Spaceweather.com / NASA

As espaçonaves envolvidas nessa observação também não foram projetadas para esse tipo de tarefa. As câmeras do rover Perseverance e da sonda MRO têm sensores pensados para registrar a superfície marciana, com foco em rochas, encostas e detalhes a poucos metros ou quilômetros de distância e sempre bem iluminados pelo Sol. Quando apontadas para um cometa extremamente distante e de brilho tênue, elas simplesmente não conseguem detectar as estruturas delicadas da coma e da cauda, produzindo um ponto difuso sem contraste.

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Cada imagem do cometa 3I/ATLAS é valiosa para compreender corpos interestelares

Como o 3I/ATLAS está a cerca de 200 milhões de km do Sol, sua atividade já é naturalmente baixa, o que dificulta qualquer registro feito por câmeras não especializadas. “Uma fotografia de cometa exige instrumentos muito sensíveis e grandes aumentos, o que normalmente só é oferecido por grandes telescópios”, explica Zurita. “Além disso, para exibir detalhes da cauda com maior definição e qualidade das cores, as imagens devem ser coletadas com alguns minutos de exposição”. Segundo o especialista, isso exige que o equipamento seja programado para acompanhar o movimento aparente do cometa no céu, “algo que não é nada simples de se fazer remotamente em instrumentos não desenvolvidos para essa finalidade”.

O comet 3I/ATLAS fotografado em 19 de novembro de 2025 em Kobernaußen, na Áustria. Crédito: Georg Klingersberger via Spaceweather.com

Os telescópios terrestres, por outro lado, são verdadeiras máquinas de observação de objetos fracos. Eles utilizam espelhos enormes, sensores altamente sensíveis e tecnologias como guiagem automática e até mesmo óptica adaptativa, que corrige a turbulência da atmosfera. Também permitem longas exposições e o uso de filtros específicos para destacar gases e poeira refletindo a luz solar. Por isso, conseguem produzir imagens muito mais bonitas e detalhadas do visitante interestelar.

Apesar de menos impressionantes, as fotos da NASA são extremamente úteis. Junto com as imagens captadas da Terra, elas ajudam os cientistas a determinarem sua trajetória com maior precisão e a entender como o cometa reage ao vento solar, como sua atividade evolui e qual é a composição das partículas que ejetou. Como o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado, cada registro – nítido ou não – é valioso para compreender corpos vindos de outros sistemas estelares.

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