O avanço da poluição nos mares tem crescido em níveis alarmantes e afetado cada vez mais os animais. Uma das provas disso é que, diferente do que se pensava anteriormente, um novo estudo identificou que, mesmo vivendo no fundo do mar, mamíferos marinhos não estão imunes à contaminação por PFAS – produtos químicos tóxicos extremamente resistentes e produzidos por humanos.
Leia também
Branqueamento de corais: como aquecimento dos oceanos destrói recifes
Impacto humano nos oceanos dobrará até 2050, afetando vida marinha
Entenda por que microplásticos são tão perigosos para os oceanos
Cientistas descobrem centenas de vírus gigantes presentes nos oceanos
O artigo é liderado pela Universidade Massey, na Nova Zelândia, em colaboração com pesquisadores australianos. A descoberta foi publicada na revista científica Science of the Total Environment em 18 de novembro.
Para os cientistas, o principal resultado é desmistificar que viver em águas profundas protege os animais marinhos contra a poluição causada pelo homem.
“Esperávamos que espécies que se alimentam principalmente em águas profundas, como as baleias-cachalote, tivessem menor contaminação por PFAS do que espécies costeiras como os golfinhos-de-hector, que estão mais próximos das fontes de poluição. Nossas análises mostram que não é esse o caso: realmente parece não ter como se esconder dos PFAS”, aponta a coautora do artigo, Katharina Peters, em comunicado.
Também há preocupação com os impactos provocados pelo PFAS. Quando entram em contato com humanos ou animais, as substâncias químicas podem afetar sistemas importantes para o funcionamento do corpo, incluindo o imunológico, endócrino e reprodutivo, aumentando o risco de prejuízos à saúde.
Animais marinhos analisados
Com o objetivo de medir os níveis de PFAS, foram analisados tecidos de 127 animais de 16 espécies de baleias dentadas e golfinhos nas águas neozelandesas. Entre os bichos, estavam exemplares mais costeiros, como golfinhos-nariz-de-garrafa, e cachalotes de mergulho profundo.
Oito das 16 espécies nunca haviam passado por avaliações em nenhum lugar do mundo para saber se havia contaminação por PFAS. Entre os “estreantes” estavam o golfinho-de-hector, nativo da Nova Zelândia, e três espécies de baleias-bicudas.
Foi investigado como o contágio da substância variava de acordo com a espécie, sexo, idade e habitat onde moravam e se alimentavam. Segundo o coautor do estudo, Frédérik Saltré, medir a intoxicação apenas pelo local habitado é pouco confiável, necessitando de uma avaliação mais ampla.
“Até mesmo espécies que vivem em alto-mar e em grandes profundidades estão expostas a níveis semelhantes de PFAS, o que destaca como a poluição generalizada, agravada por fatores de estresse impulsionados pelas mudanças climáticas, representa uma ameaça crescente à biodiversidade marinha”, afirma o pesquisador da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), na Austrália.
O estudo aponta a urgência de antecipar os compromissos climáticos para diminuir a poluição causada pelo homem, visando proteger os oceanos e salvar as espécies em que nele vivem.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!





