Cientistas estão preocupados com os impactos do aquecimento global na geleira Thwaites, localizada na Antártida Ocidental. Em estudo publicado em agosto, o derretimento acelerado do gelo é causado pela evolução de fraturas na Plataforma de Gelo Oriental de Thwaites (TEIS) – um grande bloco de gelo flutuante que é uma zona fundamental da geleira.
Caso o local se desintegre, o nível do mar mundial pode aumentar em níveis perigosos. A zona é conhecida como “geleira do apocalipse”.
Leia também
Ilha surge no Alasca após derretimento e recuo de geleira
Deslizamento de geleira devasta vila alpina na Suíça. Vídeo
Derretimento de geleiras em montanhas aumenta risco de inundações
Por que o derretimento de geleiras causa tanta preocupação
Atualmente, o artigo é o mais detalhado de como o processo de derretimento ocorreu. A pesquisa foi liderada pelo Debangshu Banerjee, da Universidade de Manitoba, no Canadá, e publicada na revista científica Journal of Geophysical Research: Earth Surface.
Para a pesquisa foram utilizados dados de observações por satélite, medições da velocidade do fluxo de gelo e dados de GPS de 2002 a 2020. O objetivo da equipe era ver a linha do tempo, da formação à evolução, das fraturas presentes na plataforma de gelo.
A TEIS funciona como uma “tampa” para segurar o gelo por trás dela. O grande risco está no enfraquecimento dessa porção. Se a resistência piorar, o gelo escorre para o oceano de forma mais rápida, aumentando o nível do mar. A plataforma é presa por um ponto de ancoragem no oceano. No entanto, nos últimos 20 anos, imperfeições passaram a se abrir na zona de encaixe da plataforma.
De acordo com os resultados, as fraturas apareceram em duas fases: primeiro surgiram como imperfeições longas, seguindo a direção em que o gelo flui; em seguida, vieram outras mais curtas, cortando o fluxo de lado – essas são mais perigosas, pois criam vários outros blocos soltos, deixando a plataforma estruturalmente mais frágil e móvel.
Assim que as fraturas enfraquecem a plataforma, o gelo por trás dela passa a fluir mais rápido, criando ainda mais imperfeições e o ciclo vicioso volta para o primeiro passo, se repetindo e ficando cada vez mais perigoso. Se houver uma ruptura total da TEIS, o nível do mar aumentará em níveis críticos.
“Se esse mecanismo de retroalimentação estiver atuando sobre o TEIS, é provável que acelere sua desintegração”, escrevem os pesquisadores no artigo.
Segundo os cientistas, o mesmo fenômeno pode estar acontecendo em outras plataformas da Antártida, tornando mais urgente ainda a criação de medidas para mitigar as fraturas. Novos estudos deverão ser realizados.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!






