Segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado nesta terça-feira (2), o avanço da inteligência artificial (IA) corre o risco de inaugurar uma nova “Grande Divergência”, semelhante à das transformações da era industrial, na qual diversos países ocidentais passaram por uma rápida modernização entanto outros não tiveram evolução. Agora, a diferença será entre países tecnologicamente avançados e os que ficam à margem da conectividade e infraestrutura.
Para o PNUD, a tecnologia em si não é neutra: os benefícios da IA — de saúde a agricultura, de previsão do clima a serviços públicos — tendem a se concentrar em regiões com poder de investimento e acesso à infraestrutura digital.
Mas, onde faltam redes de internet confiáveis, energia constante e capacitação técnica, a promessa da IA pode simplesmente não se concretizar, reforçando velhas desigualdades.
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Quem está em risco e por que
O relatório destaca que mulheres, jovens, pessoas em zonas rurais e comunidades vulneráveis estão entre as mais suscetíveis aos impactos negativos dessa transição, principalmente por conta do potencial de mudança ou substituição de alguns trabalhos realizados por pessoas e que podem futuramente serem feitos por robôs.
Empregos ocupados majoritariamente por mulheres têm quase o dobro de probabilidade de serem automatizados em comparação aos de homens. Já para jovens, especialmente entre 22 e 25 anos, o receio é de que a entrada no mercado de trabalho seja comprometida em funções de alto risco de automação.
Além disso, algoritmos tendem a reproduzir vieses sociais quando treinados com dados de regiões urbanas ou privilegiadas, o que pode excluir comunidades rurais, indígenas ou marginalizadas de acesso a crédito, serviços ou oportunidades de desenvolvimento.
(Imagem: Moostocker/iStock)
O alerta e o chamado à ação
O PNUD e os autores do relatório advertiram: a adoção da IA “não basta ser rápida”, é preciso que seja inclusiva. Em fala à jornalistas, Michael Muthukrishna, da London School of Economics e principal autor do relatório, disse que há uma tendência de que seja dada maior ênfase ao papel da tecnologia. Ele ressaltou que esse cenário precisa mudar.
“Precisamos garantir que a tecnologia não venha em primeiro lugar, mas sim as pessoas”, afirmou o especialista durante uma declaração feita por meio de um vídeo no lançamento do relatório em Bangkok.
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