Molécula ligada ao hormônio da felicidade é detectada em asteroide

Após analisar amostras do asteroide Bennu, pesquisadores identificaram a presença de triptofano, um nutriente essencial para a produção de serotonina no corpo humano – o hormônio da felicidade. Os pedaços do objeto espacial foram coletados em 2020 através da missão OSIRIS-REx, da Nasa, e chegaram à Terra três anos depois.

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A pesquisa liderada por pesquisadores da agência espacial norte-americana e da Universidade do Arizona (EUA) foi publicada nos Anais da Academia Nacional de Ciências em meados de outubro. Se confirmada, será a primeira vez que o aminoácido essencial é encontrado fora da Terra.

De acordo com os cientistas, a descoberta corrobora com a teoria de que nos primórdios rochas espaciais foram responsáveis por trazer os “ingredientes” para a vida na Terra primitiva. E não apenas para formar oceanos e a natureza, mas também trazendo nutrientes importantes para o nosso organismo até hoje.

“Nossas descobertas ampliam as evidências de que moléculas orgânicas prebióticas podem se formar dentro de corpos planetários primitivos e podem ter sido transportadas por meio de impactos para a Terra primitiva e outros corpos do Sistema Solar, contribuindo potencialmente para a origem da vida”, escrevem os autores no artigo.

Para encontrar o nutriente, houve uma testagem ampla nos fragmentos do Bennu, tentando identificar 20 aminoácidos presentes nas proteínas do nosso corpo e cinco nucleobases – unidades básicas que compõem o DNA, como adenina, guanina, citosina, timina e uracila.

Vários aminoácidos e nucleobases detectados dessa vez já haviam sido achados em um estudo anterior. No entanto, apesar de fraco, havia sinal da presença de triptofano em várias porções das amostras extraterrestres, nutriente nunca achado antes.

No cérebro humano, o aminoácido serve para produzir melatonina e serotonina, além de ser usado pelo corpo para a produção de vitamina B3. Indivíduos com baixa presença do hormônio da felicidade são mais propensos a ter depressão e ansiedade.

Como é bastante frágil, dificilmente os pesquisadores conseguiriam achar triptofano em asteroides que passaram pela turbulência atmosférica e caíram na Terra. No entanto, como as amostras foram cuidadosamente levadas de volta ao nosso planeta, foi possível a detecção.

Novos estudos serão necessários para confirmar se a origem do triptofano é realmente extraterrestre. “As missões de retorno de amostras de diversos corpos planetários são, portanto, cruciais para possibilitar novas descobertas e elucidar os produtos da cosmoquímica”, finalizam os pesquisadores.

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