Dia Nacional da Astronomia e o impacto de Dom Pedro II na ciência brasileira

Marcelo Zurita recebeu Alexia Lage, que há 10 anos se dedica à astronomia amadora e à divulgação científica, para falar sobre as observações de Dom Pedro II e seus feitos para a astronomia brasileira. Você pode conferir tudo sobre o assunto no programa Olhar Espacial da última sexta-feira (28).

Alexia publica artigos na coluna “Largue o cel e olhe para o céu”, do blog Sky and Observers, e é cofundadora do canal AstroNEOS no YouTube, dedicado à divulgação de astronomia com foco em asteroides e objetos próximos à Terra. Também é uma das coordenadoras do Grupo de Reconhecimento e Estudos do Céu (GREC), pertencente ao Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG), do qual é associada.

Dia Nacional da Astronomia

O Dia 2 de dezembro é celebrado como o Dia Nacional da Astronomia, mesma data do aniversário de Dom Pedro II. O imperador foi um dos mais importantes astrônomos amadores da história do país e é considerado o patrono dos estudos espaciais no Brasil.

D. Pedro II retratado em 1875 por Delfim Câmara. Ao Fundo, é possível ver a cúpula do antigo Imperial Observatório, que ficava no extinto Morro do Castelo, no centro do Rio de Janeiro. Fonte: Museu Histórico Nacional

O monarca era um grande erudito — teve José Bonifácio como mentor, dominava diversas línguas e estudou várias áreas. Entre elas, uma se destaca e é pouco conhecida: a astronomia. “Ele era uma pessoa muito curiosa, com grande interesse tanto nas ciências quanto nas artes […] Ele fomentou muito a astronomia no Brasil e merecia ser considerado o patrono”, disse Alexia.

Dom Pedro II: Patrono da astronomia

Além de divulgar ciência, o imperador também realizava suas próprias observações, anotações e estudos. “No Museu Imperial de Petrópolis existem 29 registros feitos à mão por Dom Pedro II”, afirmou a astrônoma. Segundo Alexia, ele financiou muitos trabalhos científicos, incluindo o Imperial Observatório do Rio de Janeiro (IORJ), que hoje é o Observatório Nacional.

O monarca também era conhecido por manter relações com grandes cientistas e pensadores de sua época. Dois exemplos são os franceses Urbain Le Verrier, descobridor de Netuno, e Nicolas Camille Flammarion, de quem era amigo pessoal. Ambos foram alguns dos principais popularizadores da astronomia no mundo.

Interior do Observatório Pedro II montado na Ilha de São Thomas, Ilhas Virgens, um território não incorporado dos Estados Unidos, no Caribe, para registro do trânsito de Vênus, em 1882. Crédito: Museu Histórico Nacional

Dom Pedro II sempre fez questão de levar o nome do Brasil para o exterior. “Ele pensava muito no nosso futuro, fazendo questão de divulgar o nome do país em diversas feiras internacionais, as chamadas Exposições Universais”, disse Alexia.

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Ele foi o principal responsável por manter o IORJ como uma referência em astronomia nas Américas, custeando o observatório com instrumentos de ponta e os melhores profissionais da época — financiado mais de 150 bolsas de estudo para pesquisadores — e garantindo que estivesse alinhado aos padrões internacionais. Estudos realizados ali, como a medição do trânsito de Vênus, ganharam reconhecimento mundial. “Foi ele que fez esse trabalho chegar à Academia de Ciências da França, onde foi reconhecido”, ressaltou a astrônoma.

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