Os gatos selvagens não são mais bem-vindos na Nova Zelândia e isso tem um motivo: eles estão caçando e levando à extinção diversas espécies de animais que vivem na região, incluindo o raro golfinho Māui (Cephalorhynchus hectori maui).
Para combater o problema, o governo local incluiu os gatos selvagens na lista Predador Free 2050, um programa nacional para erradicar predadores invasores da ilha até 2050. O anúncio foi feito em 21 de novembro. Além dos gatos, ratos, furões e gambás também já eram alvos da iniciativa.
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A decisão causou revolta em ativistas de animais, mas a quantidade de provas sobre o estrago causado pelos felinos tornou a decisão favorável à eliminação dos animais. Entre as medidas de controle estão previstas a utilização de armadilhas, envenenamento e abate a tiros.
“Quando empregarmos métodos letais, utilizaremos técnicas eficientes e humanitárias, seguindo as melhores práticas”, garante o Departamento de Conservação do governo da Nova Zelândia, em comunicado.
Estratégia para contenção de pragas saiu do controle
Os gatos foram introduzidos no país em 1769, para controlar a população de ratos que comiam os alimentos estocados nos navios que chegavam ao país. Com o tempo, eles se espalharam por todo o território.
Sem competição por alimento e nenhum predador capaz de frear seu ímpeto, os animais encontraram o ambiente perfeito para reinar e se proliferar. E foi aí que os prejuízos biológicos começaram: os gatos selvagens já provocaram a morte em massa de coelhos, aves, insetos e outros animais endêmicos da região.
Em um dos episódios mais curiosos documentados, um gato selvagem foi responsável por matar 102 morcegos de uma espécie ameaçada de extinção em uma semana.
Além de matar, os felinos podem abater outros animais indiretamente, por serem hospedeiros do parasita Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose. Humanos e animais podem ser infectados ao entrar em contato com água contaminada com fezes de gato.
Isso vem impactando diretamente populações de golfinhos raros, como o Māui. Atualmente existem apenas 54 indivíduos adultos dele no mundo.
Os donos de gatos domésticos podem ficar despreocupados: o objetivo do programa mira apenas os exemplares selvagens.
“Respeitamos os donos de gatos e o seu direito de ter animais de estimação. Embora a gestão de gatos de estimação e de rua esteja fora do nosso âmbito de atuação, apoiamos a posse responsável dos animais”, afirma o Departamento de Conservação do governo da Nova Zelândia.
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