Ansiedade financeira: o que é, sintomas e como lidar com a condição

A ansiedade financeira, classificada como uma condição de sofrimento emocional e caracterizada pela preocupação excessiva com o dinheiro, aparece na vida de muita gente de forma discreta. O assunto costuma surgir em conversas sobre trabalho, expectativas para o futuro e medo de não conseguir manter a própria rotina.

Esse sentimento não depende só do saldo bancário, mas também da sensação de instabilidade e da ideia de que qualquer imprevisto pode abalar a segurança de uma família inteira. Alguns sinais desse tipo de ansiedade são dormir mal, sentir o corpo tenso, ficar irritado com facilidade ou perder o foco no trabalho.

Em alguns casos, surgem estratégias de hipercontrole — como revisar gastos várias vezes ao dia — ou de evitação, quando a pessoa evita olhar faturas, mensagens do trabalho ou qualquer informação que gere desconforto.

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Como a ansiedade financeira aparece na rotina

A preocupação exagerada com dinheiro pode se manifestar em diferentes camadas. Algumas pessoas vivem em alerta permanente, acompanhando e-mails profissionais fora do horário de trabalho ou calculando cenários negativos que nem sempre têm base real. Outras desenvolvem sintomas físicos, como taquicardia, tensão no pescoço, irritação fácil e oscilações no apetite.

“Muitas vezes, a ansiedade financeira surge mesmo quando não há risco imediato, porque o cérebro interpreta qualquer incerteza como ameaça e ativa mecanismos de defesa que mantêm a pessoa em tensão constante”, explica Veruska Vasconcelos, psicóloga e coordenadora de psicologia do Hospital Alvorada Moema, em Brasília.

Esse estado de vigilância interna costuma vir acompanhado de pensamentos acelerados, sensação de ameaça e a impressão de que qualquer mudança, por menor que seja, pode resultar em uma grande perda. Em muitos cenários, mesmo com tudo aparentemente estável, a pessoa sente que não consegue relaxar.

O que costuma desencadear esse tipo de ansiedade

A ansiedade financeira costuma ter raízes emocionais e sociais. Insegurança no trabalho, medo de perder renda, responsabilidade de sustentar a família e a autocobrança estão entre os principais gatilhos. Experiências vividas na infância, principalmente em ambientes instáveis, também aumentam a sensibilidade a qualquer sinal de incerteza.

Outro fator que influencia muito nesse processo é o modo como cada pessoa aprendeu a lidar com o dinheiro. Pessoas que cresceram com imprevisibilidade costumam reagir com mais tensão diante de situações desconhecidas. Outras acabam usando o consumo como forma de aliviar emoções difíceis e, depois, enfrentam culpa e arrependimento.

Fatores como medo de perder renda e histórico de imprevisibilidade ajudam a explicar por que algumas pessoas desenvolvem ansiedade financeira

Quando a preocupação passa do limite?

A tensão financeira deixa de ser comum quando ultrapassa a função de alerta e começa a prejudicar a rotina do paciente. Isso ocorre quando a pessoa perde o sono por causa das contas, evita decisões simples, sente que está falhando, perde rendimento no trabalho ou percebe que o medo domina todas as áreas da vida.

“Quando a preocupação se espalha para diversas esferas e começa a comprometer o sono, o humor e a capacidade de tomar decisões, já não estamos diante de um comportamento adaptativo, mas de um sofrimento clínico que exige intervenção profissional”, afirma a psicóloga Flávia Marsola, do Hospital Brasília Águas Claras, da Rede Américas.

A presença de ruminação — pensamentos repetitivos e catastróficos — também indica que o sofrimento pode ter se tornado clínico. Nesse ponto, a avaliação de um profissional é necessária.

Técnicas que ajudam a reduzir a crise

Algumas estratégias simples ajudam a organizar o pensamento e diminuir a sensação de ameaça. Parar por alguns segundos, respirar e observar o que está acontecendo já reduz a velocidade dos pensamentos. Outra técnica útil é a exposição gradual: olhar apenas um item financeiro por cinco minutos, sem tentar resolver tudo de uma vez.

Além disso, dividir decisões entre o que precisa ser feito no dia e o que pode esperar 24 horas diminui a impulsividade motivada pelo medo. Organizar documentos por dez minutos, mesmo sem analisar valores, também gera sensação de ordem. Verbalizar a preocupação com alguém de confiança ajuda a reduzir a distorção dos pensamentos e a clarear as prioridades.

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