Pesquisadores brasileiros identificaram uma enzima com forte potencial para combater a bactéria resistente Staphylococcus aureus, conhecida por causar infecções persistentes e difíceis de tratar. O estudo, publicado no World Journal of Microbiology and Biotechnology, aponta que a enzima KaPgaB pode degradar com alta eficiência os biofilmes que funcionam como barreira de proteção para a bactéria, dificultando a ação de antibióticos.
A Staphylococcus aureus é responsável por infecções comuns em pele, feridas e pulmões. Seu principal mecanismo de defesa é a formação de biofilmes, estruturas aderentes que podem multiplicar a resistência aos tratamentos. Segundo os cientistas, desmontar essa camada é fundamental para reduzir a capacidade da bactéria de sobreviver a medicamentos.
Enzima tem forte potencial para combater a bactéria resistente Staphylococcus aureus (Imagem: imagem: Scientific Animations/Wikimedia Commons)
Enzima reduz em até 97% a barreira protetora
A enzima KaPgaB, originalmente encontrada na bactéria Klebsiella aerogenes, foi produzida em laboratório e testada contra diferentes cepas de Staphylococcus aureus, incluindo versões resistentes a antibióticos de uso clínico. Os resultados foram expressivos: em algumas situações, a enzima removeu mais de 80% do biofilme em apenas quatro horas. Em testes combinados com outras enzimas, como DNase I ou papaína, a remoção chegou a 97%.
Além disso, a enzima mostrou capacidade de impedir a criação de novas estruturas protetoras. Em uma das cepas analisadas, a formação de biofilme foi reduzida em até 96%, indicando potencial de uso tanto curativo quanto preventivo.
Associação com antibióticos amplia eficácia
Outro destaque da pesquisa é que a combinação da enzima com antibióticos aumentou significativamente a eficiência dos medicamentos. Quando usados isoladamente, os antibióticos tiveram pouca ação contra bactérias protegidas pelo biofilme. Mas, após o uso da KaPgaB, a quantidade de células vivas caiu pela metade em algumas análises, mostrando a importância da estratégia combinada.
A combinação da enzima com antibióticos aumentou significativamente a eficiência dos medicamentos (Imagem: Dmitry Vorobyev/iStock)
Destaques sobre a ação da enzima:
Remove até 97% do biofilme protetor
Impede novas formações em até 96%
Amplia a eficácia de antibióticos após sua ação
Indica potencial para tratar infecções persistentes
Os autores afirmam que a enzima pode futuramente integrar protocolos terapêuticos contra infecções associadas a biofilmes, especialmente em dispositivos médicos, como cateteres e curativos. No entanto, ressaltam que são necessários novos testes in vitro e in vivo antes de sua adoção na prática clínica.
Leia mais:
Córnea impressa em 3D devolve visão a paciente pela primeira vez na medicina
Pesquisadores alertam: ChatGPT pode oferecer conselhos perigosos em crises emocionais
OMS reconhece potencial do Ozempic para tratar obesidade
A pesquisa é resultado de uma colaboração multidisciplinar entre 12 cientistas de diferentes instituições brasileiras, combinando áreas como física, microbiologia, biologia molecular e medicina.
O post Brasileiros descobrem enzima que fortalece antibióticos contra superbactérias apareceu primeiro em Olhar Digital.





