O supino é um dos exercícios mais tradicionais das academias, mas sua execução exige atenção redobrada à postura, ao peso utilizado e, principalmente, à forma como a barra é segurada. O tema voltou a ser discutido após a morte de Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, que realizava o movimento com barra livre em uma academia de Olinda quando o equipamento caiu sobre o tórax. O acidente foi registrado por câmeras de segurança e levantou uma dúvida comum: o que é, afinal, a chamada pegada suicida?
O que acontece na pegada que pode levar ao acidente?
A posição das mãos pode determinar o nível de segurança do exercício. No vídeo do acidente, é possível ver que Ronald segurava a barra sem envolver os polegares, deixando o equipamento apoiado apenas nas palmas das mãos e nos outros dedos. Essa forma de segurar a barra é conhecida informalmente como pegada suicida, ou false grip.
Segundo Lúcio Beltrão, presidente do Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região, esse tipo de pegada aumenta o risco de a barra escorregar. “Acho que ele pegou os cinco dedos passando da barra, se eu não me engano. Era para ter fechado. Esse nome é o que a turma chama, não é um nome científico, mas ele se colocou em risco, em perigo. […] O risco é o que aconteceu, que escorregar e cair. Quando você fecha o dedo, diminui o risco de a barra cair, porque você tem um dedo ali dificultando. Eu diria que tudo que você faz para reduzir o risco, você deve tentar fazer”, afirma Lúcio ao portal G1.
Por que a técnica é considerada insegura?
Na pegada tradicional, os polegares envolvem completamente a barra, criando uma trava que ajuda a impedir quedas durante a movimentação.
O que é pegada suicida no supino? Acidente mata homem em Olinda (PE). Foto: FreePik
Já na falsa pegada, a barra fica instável, especialmente quando a carga é elevada. O especialista ressalta que não é possível atribuir oficialmente o acidente apenas à posição das mãos, já que outros fatores também influenciam. “Podia não ter sido isso, poderia ser que, mesmo com o dedo ali, a carga seria tão alta que ele não teria sustentado. Bom, tem muitos se, mas a pegada correta, a carga correta, são um conjunto de fatores que ajudam a evitar o acidente”, explica.
Equipamentos e cuidados que reduzem riscos
Alguns acessórios podem ajudar, desde que usados corretamente. Lúcio explica que luvas, por exemplo, podem oferecer mais firmeza dependendo do material, mas também podem facilitar o escorregamento se forem muito lisas. O ajuste da barra, a carga adequada e o acompanhamento profissional também fazem diferença.
Além disso, a presença de um professor durante o exercício é um fator importante para orientar ajustes na pegada e identificar movimentos de risco. “Eu vi que no final, o professor chega depois. Não sei se ensinou e ele não fez, se ele viu alguém fazendo e foi copiar, ou se ele viu na internet… Deveria ter pego com os dois dedos tocando um no outro, mas ele deixou o polegar de fora e a barra escorregou na parte final da mão”, afirma.
Como foi o acidente e o que se sabe até agora
O acidente aconteceu na segunda-feira, 1º, em Olinda. Após a queda da barra, Ronald ainda conseguiu se levantar, mas caiu logo em seguida. Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento de Rio Doce, mas não resistiu. A Polícia Civil registrou o caso como morte acidental.
A RW Academia, onde o homem treinava, lamentou o ocorrido e informou que prestou atendimento imediato, acionando socorro especializado. A empresa declarou ser registrada no Conselho Regional de Educação Física e disse que oferece treinamentos periódicos de primeiros socorros à equipe.
Por que o acompanhamento profissional é essencial
O supino é um exercício muito presente nas rotinas de treino, mas pode causar lesões graves quando executado sem supervisão. A orientação sobre a pegada correta, a escolha do peso adequado e a presença de um instrutor são fundamentais para evitar quedas da barra e outros acidentes.
Resumo:
A pegada suicida, utilizada no supino, é caracterizada por segurar a barra sem envolver os polegares, o que reduz a estabilidade e aumenta o risco de queda. No caso ocorrido em Olinda, a barra caiu sobre o tórax do praticante, que não resistiu. Especialistas reforçam que a pegada correta, a escolha adequada da carga e o acompanhamento profissional são decisivos para a segurança.
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