Pela primeira vez, arqueólogos mexicanos encontraram uma evidência de que a deformação craniana intencional também era praticada na região de Huasteca, ao norte do México. A descoberta veio após o achado de um crânio quadrado na zona arqueológica de Balcón de Montezuma, em Tamaulipas. Os especialistas também identificaram que a técnica era distinta de outras já identificadas pelo país.
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A descoberta foi realizada por especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México e comunicada pelo governo local em 25 de novembro. Segundo os arqueólogos, saber que o costume acontecia em outros lugares representa um avanço na compreensão da cultura da Mesoamérica antiga, além de mostrar as variações de cada região.
Após análises, foi descoberto que o crânio era de um homem com cerca de 40 anos, que viveu no período Clássico Mesoamericano (entre 400 a 900 d.C.).
Crânio quadrado está ligado a nova técnica
As investigações lideradas pelo INAH aconteciam desde a década de 1990, mas somente agora, com uso de técnicas e metodologias mais modernas, os pesquisadores conseguiram identificar a existência de deformação craniana intencional em Tamaulipas, além de uma técnica nunca antes relatada. O osso craniano tinha uma deformação chamada de tabular ereta, formando uma aparência de um paralelepípedo ou cubo.
“Essa forma é tabular superior, assim denominada por alguns especialistas devido ao aspecto poliédrico que provoca no crânio, onde o plano de compressão se estende de um ponto anatômico na parte de trás do crânio até linha média do topo da cabeça. Isso faz com que a cabeça apresente uma forma mais quadrada, ao contrário da forma cônica típica de outras modificações”, explica o antropólogo Jesús Ernesto Velasco González em entrevista ao portal Ancient Origins.
Deformações tabulares superiores já haviam sido documentadas na zona arqueológica El Zapotal, em Veracruz (MEX), e em outras regiões maias, mas os graus de variação eram distintos. Enquanto no achado mais antigo o achatamento da testa ficava maior, o do mais recente era mais baixo.
Inicialmente, os especialistas até levantaram a possibilidade de ter ocorrido uma migração ou intercâmbio cultural entre as zonas. Ambas regiões ficam a cerca de 400 km de distância. Porém, análises em amostras de colágeno, ossos e dentes do fóssil indicaram que o homem nunca saiu de sua região natal.
Para o que servia a deformação craniana?
Na Mesoamérica, a deformação craniana intencional tinha várias funções, incluindo identidade cultural, status social ou até crenças ligadas a rituais. Para dar certo, a prática era feita na infância, quando o osso craniano ainda é mais maleável.
Para os pesquisadores, a nova descoberta mostra como a cultura antiga era complexa e poderia se diferenciar a depender da região. A expectativa é que novos achados sejam identificados futuramente.
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