A turbulência é uma das situações que mais causam desconforto para quem viaja de avião. Solavancos, balanços e movimentos inesperados podem gerar medo, mas raramente indicam risco real para o voo.
Esses movimentos acontecem por causa de correntes de ar irregulares que atravessam a rota da aeronave. Apesar da sensação de instabilidade, os aviões estão preparados para enfrentar essas variações sem comprometer a segurança dos passageiros.
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O que são as turbulências?
Movimentos bruscos do avião causados por correntes de ar instáveis.
Podem aparecer em áreas de tempestade ou mesmo em céu limpo.
Se o ar sobe de repente, o avião dá a sensação de ser empurrado para cima; se o ar desce rápido, o avião parece “afundar” por alguns instantes.
A intensidade varia, mas raramente afeta a estrutura do avião.
Por que as turbulências não representam perigo para o voo?
As aeronaves são projetadas para resistir a forças muito maiores do que as encontradas durante um voo comum. As asas, por exemplo, não são rígidas: elas se flexionam para absorver os movimentos do ar, evitando rompimentos.
Antes de qualquer avião ser liberado, ele passa por testes rigorosos que simulam condições extremas. Os testes estruturais verificam até que ponto as asas e outras partes da aeronave conseguem suportar forças intensas, garantindo que o avião continue estável mesmo se houver uma turbulência forte.
Outro fator é que a tecnologia ajuda a reduzir a exposição à turbulência com radares meteorológicos de ponta. Esses radares conseguem identificar tempestades e nuvens densas, o que permite que os pilotos desviem das regiões mais instáveis.
Softwares de previsão de vento e monitoramento em tempo real também auxiliam na escolha de rotas mais seguras. Mesmo a turbulência de céu claro, que não pode ser prevista por radar, não representa risco estrutural. Nesses casos, a recomendação é manter o cinto de segurança afivelado.
De acordo com a engenheira ambiental Lívia Grion, professora da USP São Carlos, as turbulências costumam parecer muito piores do que realmente são, o que explica porque os passageiros ficam tão assustados.
“Dentro do avião, nosso cérebro perde todas as referências. Não enxergamos o chão, não vemos de onde vem o movimento e não conseguimos antecipar o que vai acontecer. Sem essas pistas, qualquer oscilação pequena soa mais intensa e inesperada”, destaca Lívia.
Além disso, a sustentação do avião continua mesmo durante as oscilações. A diferença de pressão entre a parte superior e inferior das asas mantém a aeronave no ar. Dessa forma, mesmo quando passageiros sentem solavancos, o avião permanece seguro e estável.
Turbulência faz parte da rotina da aviação e não compromete a estabilidade da aeronave
Incidentes servem para aprimorar as aeronaves
O aprendizado com incidentes passados também aumenta a segurança. Cada ocorrência é investigada para identificar causas e propor ajustes em novos projetos. Isso significa que cada avião incorpora melhorias baseadas em experiências reais em voo.
As investigações também ajudam a identificar situações raras ou inesperadas, como padrões específicos de vento, formação incomum de nuvens ou comportamentos do ar que não costumam aparecer em simulações. Cada detalhe observado pode se transformar em uma recomendação de segurança ou atualização técnica.
O coordenador de aviação civil e mecânica de aeronaves Alexandre Faro Kaperaviczus, da universidade Anhembi Morumbi, explica que esses processos são muito importantes para que a engenharia avance de modo a garantir a segurança de toda a tripulação a bordo.
“Durante a investigação, é possível identificar fatores que não aparecem nos testes em solo. Essas análises ajudam a ajustar procedimentos, atualizar sistemas e aperfeiçoar projetos futuros, o que mostra ainda mais a segurança operacional da aviação”, afirma Faro.
Como os pilotos lidam com as turbulências
Os pilotos recebem treinamento contínuo para enfrentar tipos diferentes de turbulência. Parte desse preparo inclui interpretar padrões de vento, avaliar imagens dos radares meteorológicos e ajustar a altitude e rota quando necessário.
Desse modo, quando a aeronave entra em uma área instável, a tripulação reduz a velocidade para o chamado “ponto de penetração”, que é a velocidade mais segura para atravessar uma turbulência sem causar desgaste na estrutura. Esse procedimento é padrão em companhias do mundo todo.
Por isso, da próxima vez que você estiver a bordo e o avião começar a balançar, lembre-se de que a equipe sabe exatamente como agir. O preparo dos pilotos, a tecnologia de ponta e a estrutura reforçada mantêm o voo seguro, mesmo quando o ar está instável.
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