Como a Alemanha se tornou peça-chave para levar o primeiro europeu à Lua

Um astronauta alemão será o primeiro europeu a viajar à Lua em uma futura missão Artemis, segundo anúncio feito pelo diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher. A confirmação aconteceu durante o Conselho Ministerial da agência, em Bremen, na Alemanha.

A decisão, segundo o Space, marca um passo histórico para a Europa, que garantiu três vagas no programa lunar da NASA graças às contribuições tecnológicas e industriais do continente.

(Da esquerda para a direita): O astronauta Alexander Gerst, o chanceler Olaf Scholz e o astronauta Matthias Maurer no EAC (Centro Europeu de Astronautas) da ESA. Alemães podem ser os primeiros europeus a orbitar a Lua. Imagem: Raimond Spekking / Wikimedia Commons

Alemanha na liderança da próxima era lunar?

A escolha não é por acaso: a Alemanha é a maior financiadora da ESA e abriga, em Bremen, a fábrica da Airbus responsável por montar o Módulo de Serviço Europeu – peça fundamental que fornece energia, propulsão e suporte vital à cápsula Orion. Além disso, partes do Lunar Gateway, estação que deverá orbitar a Lua em 2027, também são produzidas no continente.

Um astronauta da ESA viajando além da órbita terrestre baixa pela primeira vez será uma enorme inspiração e motivo de orgulho para seu país e para a Europa em geral.

Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, em comunicado.

Com duas figuras experientes no corpo de astronautas – Alexander Gerst, de 49 anos, e Matthias Maurer, de 55 – a Alemanha já tem seus prováveis candidatos para voar na Artemis 4. Ambos acumularam experiência na Estação Espacial Internacional (ISS).

Mudanças planejadas nos EUA para o SLS e a Orion podem impactar a colaboração Europa–NASA no programa lunar. Imagem: Divulgação/NASA

Os europeus que buscam lugar na Lua

Embora um astronauta alemão possa ser o primeiro europeu a viajar à Lua, há outros candidatos entre franceses e italianos que possuem histórico sólido na ISS, incluindo caminhadas espaciais e missões longas, mantendo-se na disputa pelo posto de primeiros europeus a caminhar na superfície lunar.

Entre eles surgem nomes como Thomas Pesquet, Sophie Adenot, Luca Parmitano e Samantha Cristoforetti.

A ESA já sabe que terá vagas nas missões Artemis 4 e Artemis 5, planejadas para 2028 e 2030. Enquanto isso, astronautas de diversos países continuam acumulando experiência na ISS.

Com o Argonaut e novos módulos Orion, a ESA busca mais autonomia e presença nas próximas décadas de exploração lunar. Imagem: Divulgação/NASA

Por que tudo isso importa?

A parceria Europa–NASA envolve cooperação tecnológica profunda e pode moldar o futuro do programa lunar, especialmente diante das mudanças políticas nos EUA. O governo dos Estados Unidos planeja substituir o foguete SLS e a cápsula Orion por veículos totalmente comerciais após a Artemis 6.

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A ESA, por sua vez, já constrói os Módulos de Serviço Orion para seis missões e quer manter as portas abertas. “Além do Módulo de Serviço Europeu número seis, queremos manter as opções em aberto”, afirmou Daniel Neuenschwander, diretor de Exploração Humana e Robótica da ESA.

Além disso, o continente desenvolve o módulo de carga Argonaut, que deverá servir a futuras missões logísticas à superfície lunar. A ideia é garantir autonomia tecnológica e ampliar o espaço para que astronautas europeus participem das próximas décadas de exploração.

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