Escudo de Chernobyl atacado por drones precisa de reparos urgentes

De acordo com avaliação realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o escudo de proteção da usina de Chernobyl, na Ucrânia, perdeu suas “funções primárias de segurança”, deixando sua capacidade de bloquear totalmente a radiação comprometida. A constatação da entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) foi feita nesse mês.

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O prejuízo no funcionamento do Novo Confinamento Seguro (NSC, na tradução em inglês) aconteceu devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. Em fevereiro deste ano, a estrutura foi atingida por ataques de drone, gerando um grande incêndio e danificando a parte externa do escudo.

O NSC é uma estrutura feita de aço, com mais de 100 metros de altura e 250 metros de comprimento. A obra concluída em 2016 tem como objetivo isolar as toneladas de material radioativo presentes na região. Com a função comprometida, a proteção diminui.

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O desastre nuclear e ocorreu em 1986 e fez com que 200 mil pessoas tivessem que se deslocar

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A roda gigante nunca chegou a funcionar

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O parque de diversões conta com a carcaça enferrujada de um carrossel e de uma pista de carrinho de bate-bate

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Usina nuclear em Chernobyl

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Segundo a AIEA, estruturas de suporte de carga e sistemas de monitoramento não sofreram danos permanentes, porém a capacidade de segurar as partículas no escudo sofreu prejuízos.

“Precisamos entender também qual tipo de material ainda está exposto em Chernobyl. O maior risco é que pequenas partículas radioativas sejam espalhadas pelo ar. Caso se consiga conter essas partículas, o risco para o entorno não é grande”, avalia o professor Alexandre Bergantini, do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OV-UFRJ).

Para o especialista, além do vento, o maior risco das partículas saírem da zona de segurança do escudo é o contato com a chuva. “O ar pode espalhar as pequenas partículas radioativas, enquanto o material pode ser arrastado junto com a água da chuva e se concentrar no solo, rios, córregos e lagos”, aponta o pesquisador apoiado pelo Instituto Serrapilheira.

Na iminência dos riscos, o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi afirmou que já foram feitos reparos temporários, mas há a necessidade de medidas mais fortes urgentemente. “A restauração completa e em tempo hábil continua sendo essencial para evitar maiores danos e garantir a segurança nuclear a longo prazo”, disse Grossi.

Além da restauração do escudo, a AIEA aponta que são necessárias medidas de restauração no controle de umidade e modernizar o sistema de monitoramento automático do local.

A expectativa é que no ano que vem o complexo de Chernobyl passe por reparos temporários para fortificar a região diante dos perigos da guerra. As restaurações completas só poderão ser realizadas após o fim do conflito.

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