Japão: antes dedicado às crianças, festival tradicional agora celebra pets de quimono

Para muita gente, pets são como filhos. E no Japão, onde a queda na taxa de natalidade criou famílias com menos crianças e mais bichinhos ocupando o lugar de herdeiros afetivos, esse sentimento ficou ainda mais evidente. Com isso, um dos festivais mais tradicionais do país, criado para celebrar marcos da infância humana, agora abre espaço para celebrar… pets de quimono.

No outono japonês, quando acontece o Shichi-Go-San (“7-5-3”), diversos animais de estimação estão comemorando seu crescimento – embora os cachorros sejam, de longe, os que mais marcam presença. Poodles, chihuahuas, pomerânias e outros peludos se juntam aos donos em santuários xintoístas para receber bênçãos, posar para fotos e viver seu próprio rito de passagem. Tudo isso com a mesma formalidade das celebrações infantis, e, claro, figurinos à altura, que vão desde quimonos, faixas obi cintilantes, jaquetinhas tradicionais até perucas feitas sob medida.

O festival Shichi-Go-San

Celebrado ao longo do outono japonês, especialmente em novembro, o Shichi-Go-San (“7-5-3”) marca três idades consideradas essenciais na infância. Cada número carrega um símbolo de crescimento.

Aos 3 anos, meninos e meninas deixam oficialmente a fase de bebê para trás – era o momento, no passado, em que podiam começar a deixar o cabelo crescer depois de terem a cabeça raspada na infância. Aos 5, os meninos vestem seu primeiro conjunto formal com hakama e haori, num passo simbólico em direção à vida adulta. Já aos 7, as meninas passam a usar o obi, o laço que amarra o quimono da mesma forma que nos trajes das mulheres adultas.

O festival reúne famílias nos santuários para agradecer pela vida e pelo crescimento das criançasMIKI Yoshihito/Wikimedia Commons

O festival surgiu no Período Heian (séculos 8 a 12) como um agradecimento pela saúde das crianças em uma época de alta mortalidade infantil. A tradição atravessou os séculos e segue viva nos santuários xintoístas, onde famílias se reúnem e crianças vestem quimonos caprichados para marcar a data.

Justamente por ser uma sociedade profundamente guiada por rituais e reverência espiritual, a visita ao santuário sempre acompanhou essas idades simbólicas. Só que, com o número de crianças diminuindo ano após ano, muitos templos passaram a receber um novo tipo de “filho”: os de quatro patas.

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Cães que viram “crianças” de 3, 5 e 7 anos

No santuário Ichigaya Kamegaoka, em Tóquio, o número de pets no Shichi-Go-San já supera o de crianças. São mais de 350 animais, contra cerca de 50 pequenos. Os bichinhos chegam em carrinhos de bebê, com quimonos sob medida e até acessórios típicos da vestimenta samurai. Tudo para viver o “ritual de passagem” aos 3, 5 ou 7 anos caninos.

O festival começa com um ritual de purificação conduzido por um sacerdote, que agita uma varinha de madeira sobre os pets como forma de bênção. Depois das bençãos, os tutores oferecem um tamagushi diante do altar e fazem uma reverência, antes de ver seus animais receberem a purificação final com cânhamo. No fim, cada dono escreve seus desejos em uma plaquinha votiva e a pendura no salão dedicado a elas.

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A versão pet do Shichi-Go-San surge em sintonia com o avanço do mercado de animais de estimação no Japão, que cresceu cerca de 20% desde 2019. Para muitos casais que não quiseram – ou não puderam – ter filhos, transformar o ritual em uma celebração para seus bichinhos faz sentido: a vida deles é curta, e vê-los chegar a essas idades já é motivo de agradecimento.

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Mais do que um rito fofo, essa adaptação também ajuda os santuários a se manterem relevantes em um país que muda rápido. E, de certa forma, o festival acaba mantendo sua essência ao agradecer a vida, celebrar o crescimento e fortalecer os laços familiares, mesmo quando essa família inclui um Yorkshire de peruca ou um Pomerânia com obi dourado.

Visitas de Ano Novo

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A prova de que a tendência veio para ficar está no próprio santuário Ichigaya Kamegaoka, em Tóquio, que já anunciou a “Visita de Ano Novo com seu animal de estimação”. As reservas para a celebração especial no início de 2026 abriram em 1º de novembro e valem não só para cães e gatos, mas também para coelhos, furões, hamsters, iguanas, tartarugas, pássaros, corujas e… até cabras.

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