Pesquisa mostra que 1 em cada 4 adolescentes no Reino Unido recorre a chatbots de IA em busca de apoio psicológico

Um estudo recente do Youth Endowment Fund aponta que cerca de 25% dos adolescentes de 13 a 17 anos na Inglaterra e no País de Gales recorreram, no último ano, a chatbots de inteligência artificial como ChatGPT para lidar com questões de saúde mental. A proporção chega a quase 40% entre jovens afetados pela violência urbana — tanto vítimas quanto envolvidos —, segundo a pesquisa com mais de 11 mil jovens.

Por que os jovens estão usando IA

Para muitos adolescentes, a opção por chatbots vem da sensação de segurança. Uma reportagem do The Guardian, por exemplo, trouxe a história de Shan (nome fictício), um jovem que após perder amigos vítimas de violência, relatou que manter conversas com a IA era mais fácil, íntimo e disponível — sem o risco de julgamentos, como costuma ocorrer em ambientes escolares ou institucionais.

Além disso, o uso da IA parece ser impulsionado pelas longas filas de espera no sistema tradicional de saúde mental e pela desconfiança de algumas famílias ou instituições. Para certos jovens — especialmente garotos envolvidos com gangues — os chatbots parecem uma alternativa mais discreta e confiável do que recorrer a professores ou demais adultos.

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Especialistas dizem que existem sérios problemas no uso da IA como substituta de um profissional de saúde (Imagem: Aleksey Boyko / Shutterstock.com)

Autores da pesquisa pedem mais regulamentação — e a voz dos jovens

Em declaração destacada no The Guardian, Jon Yates, diretor-executivo do Youth Endowment Fund, disse que: “Muitos jovens estão enfrentando problemas de saúde mental e não conseguem obter o apoio necessário. Não é surpresa que alguns estejam recorrendo à tecnologia em busca de ajuda. Precisamos fazer mais pelos nossos jovens, especialmente pelos mais vulneráveis. Eles precisam de um ser humano, não de um robô.”

Pesquisadores alertam que o debate sobre uso de IA na saúde mental deve incluir os jovens — afinal, são eles os mais afetados e os que mais recorrem a esses serviços. A proposta: criação de diretrizes regulatórias desenvolvidas por (e para) o público jovem.

O atendimento realizado por um humano ainda é tido como a forma mais eficaz de combater problemas psicológicos (Imagem: Kmpzzz/Shutterstock)

Especialistas soam o alarme: chatbots não são terapeutas

Apesar da popularidade crescente, o uso de chatbots para suporte emocional desperta sérios questionamentos. Pesquisa recente do Common Sense Media revelou que plataformas como ChatGPT, Gemini e Claude frequentemente falham em identificar sinais de sofrimento como depressão, ansiedade, distúrbios alimentares ou psicose — condições que afetam cerca de 20% dos jovens.

Os problemas apontados incluem:

Falha em detectar sintomas de risco, dando prioridade a explicações relacionadas a questões físicas da pessoa.

Tendência a manter conversas longas e amigáveis, o que pode criar dependência emocional com a máquina, ao invés de incentivar ajuda real.

Uso de tom empático e respostas genéricas que dão falsa sensação de segurança — especialmente perigosa se o jovem estiver em crise.

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