Após 2 anos de queda, produção científica brasileira volta a crescer

A produção científica do Brasil voltou a crescer em 2024, em relação ao ano anterior. É o que aponta o relatório “2024: retomada no crescimento da produção científica no Brasil e em outros 51 países”, realizado em uma parceria entre a Agência Bori e a revista científica internacional Elsevier. O documento foi publicado nesta quinta-feira (18/12).

De acordo com os dados, a produção de artigos por instituições de pesquisa brasileiras em 2024 aumentou 4,5% em relação ao ano anterior. Apesar de não ter atingido a marca de mais de 82 mil trabalhos elaborados em 2021, foram realizados mais de 73 mil no ano passado.

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Relatórios anteriores mostram que a quantidade de artigos científicos brasileiros começou a cair em 2022 (7,4% a menos que o ano anterior). Em 2023, houve uma nova queda, com o declínio de 7,2% na produção em comparação a 2022.

Além do Brasil, o levantamento também analisou a produção no mesmo período em outros países e os resultados mostram que a maioria apresentou níveis de crescimento em relação a 2023. Para os pesquisadores, os números demonstram a retomada da ciência mundialmente após a pandemia de Covid-19, um dos fatores que mais atrapalhou a realização de trabalhos nos últimos anos.

Os únicos países que apresentaram queda foram a Rússia, com declínio de 6,3%, e a Ucrânia, com 0,6%. As nações estão em guerra desde 2022, um agente determinante para a constatação.

Avaliação da produção científica

Para elaborar o relatório foram analisadas produções científicas de 1996 a 2024 de países que no ano passado publicaram mais de 10 mil artigos – o recorte inclui 54 nações avaliadas. Também foram considerados apenas trabalhos do tipo “artigo científico”. A coleta de dados ocorreu em julho desse ano.

Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais para a América Latina da Elsevier, Dante Cid, a retomada de investimentos na ciência brasileira promoveu o crescimento detectado pelo relatório.

“O volume de publicação de artigos de um país reflete, entre outros fatores, o volume de investimento feito em pesquisa científica alguns anos atrás. Mediante o melhor nível de investimentos feito nestes últimos anos, esperávamos que a produção nacional retomasse o crescimento”, diz em comunicado.

Para a cofundadora da Bori, Sabine Righetti, “entre [as explicações] estão o fim dos reflexos mais pesados da Covid-19 sobre a rotina de pesquisa e a recuperação do financiamentos à ciência, que ajudam a destravar projetos e a manter a produtividade das instituições”, afirma.

Para o relatório também foram avaliadas a variação de produtividade das 32 instituições de pesquisa brasileiras. Dessas, apenas Embrapa, Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Estadual de Maringá tiveram números negativos.

Para os pesquisadores, o trabalho é importante para perceber como políticas públicas voltadas para a ciência fazem a diferença. “Levantamentos como os relatórios Bori-Elsevier ajudam a identificar instituições mais resilientes, onde a retomada é mais robusta, e quais regiões e instituições precisam de políticas específicas para recuperar fôlego”, aponta Ana Paula Morales, cofundadora da Bori.