Descoberto em julho, o cometa interestelar 3I/ATLAS ganhou rapidamente destaque na mídia e na comunidade científica. Terceiro objeto vindo de fora do Sistema Solar já observado por aqui, ele atinge a menor distância da Terra nesta sexta-feira (19), à medida que se afasta da zona de influência do Sol.
E quem quiser pode assistir a esse “encontro” de onde estiver pela internet. Antes de saber como, vamos recapitular a saga do 3I/ATLAS:
Quando foi descoberto, em 1º de julho, o objeto foi temporariamente chamado de A11pl3Z;
Ele foi identificado como um cometa interestelar logo no dia seguinte, recebendo os nomes de C/2025 N1 (ATLAS) e 3I/ATLAS (entenda aqui);
Em um dos primeiros estudos sobre o cometa, astrônomos estimaram que o objeto pode ter cerca de sete bilhões de anos;
Isso faz dele mais velho que o Sistema Solar;
Não demorou para surgirem especulações sobre possível origem tecnológica alienígena;
Refutada pela maioria dos cientistas, a ideia foi descartada pela NASA;
A teoria se baseia em detalhes como a composição química “bizarra” do corpo celeste, com a presença de níquel atômico, por exemplo;
Imagem obtida pelo telescópio espacial SPHEREx, da NASA, mostra uma abundância de dióxido de carbono na nuvem de poeira e gás conhecida como coma do cometa 3I/ATLAS. Crédito: NASA/SPHEREx
Missão SPHEREx, lançada pela NASA em março para mapear o céu em infravermelho a fim de investigar a origem do Universo, detectou dióxido de carbono na nuvem de gás que envolve o núcleo do cometa;
Essa nuvem, chamada coma, brilha em verde e tem quase 350 mil km de extensão;
Imagens capturadas por telescópios em solo mostram que o 3I/ATLAS desenvolveu uma cauda voltada para o Sol – chamada de anticauda;
O objeto atingiu o periélio (ponto mais próximo da estrela) em 29 de outubro;
Antes disso, ele passou relativamente próximo a Marte, sendo analisado por espaçonaves que orbitam o planeta;
Missões dedicadas a investigar Júpiter e suas luas, como a Juno e a Europa Clipper, ambas da NASA, e a JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), também estão sendo aproveitadas para estudar o ilustre visitante;
Após dias desaparecido no brilho solar, o cometa voltou a aparecer no céu da Terra;
Cientistas notaram que ele apresentou uma mudança de cor e uma aceleração diferente;
A alteração de cor foi prontamente desmentida pelos cientistas envolvidos na observação, e o “modo turbo” foi explicado em um estudo recente (saiba detalhes aqui);
Objeto emitiu sinal de rádio captado no momento em que ele ultrapassava a metade de sua rota pelo Sistema Solar;
Recentemente, a NASA divulgou imagens do 3I/ATLAS captadas por 20 espaçonaves ao longo de mais de um mês;
Novas observações apontam que ele pode estar coberto por “vulcões de gelo” em atividade;
Um observatório espacial da ESA detectou sinais de raios X no 3I/ATLAS – a primeira emissão desse tipo detectada em um objeto interestelar;
Depois de atingir o ponto de aproximação máxima com a Terra, ele começa a trilhar o trajeto final para deixar o Sistema Solar;
Em março que vem, quando passar por Júpiter, o cometa pode ter sua rota levemente alterada pela força gravitacional do planeta.
Representação artística do cometa interestelar 3I/ATLAS após passar pelo periélio – encontro mais próximo com o Sol. Crédito: Imagem gerad por IA/Gemini
Distância praticamente não se altera no dia da aproximação máxima
Segundo a NASA, o horário da aproximação máxima é 3h02 da manhã (pelo horário de Brasília), quando o 3I/ATLAS vai estar a cerca de 270 milhões de quilômetros do planeta. No entanto, a uma distância tão longa, qualquer objeto se mantém praticamente estável no decorrer das 24 horas do dia.
“Esse horário da máxima aproximação é difícil mesmo de determinar, porque, geralmente, essa distância varia muito pouco ao longo do dia – a não ser que o objeto passe mais próximo realmente da Terra”, explica Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.
Nova imagem do cometa 3I/ATLAS, registrada pelo Hubble em 30 de novembro. Créditos: NASA, ESA, STScI, D. Jewitt (UCLA). Processamento de imagem: J. DePasquale (STScI)
Leia mais:
Cometa 3I/ATLAS é monitorado por rede de alerta da ONU
Cometa interestelar 3I/ATLAS pode ter trajetória desviada por gigante
Cometa 3I/ATLAS tem trajetória estimada com 10 vezes mais precisão
Observatório na Itália transmite passagem do 3I/ATLAS ao vivo
Atualmente, o cometa tem magnitude de 11.0, brilho insuficiente para ser visto a olho nu e acessível apenas com telescópios de médio porte, a partir de 150 mm). Quem não dispõe desse tipo de equipamento pode contar com as transmissões online de observatórios e astrônomos amadores, que devem mostrar em tempo real o avanço do objeto.
Um dos astrônomos ao redor do mundo que estão empenhados em estudar o objeto é Gianluca Masi, fundador e responsável pelo Projeto Telescópio Virtual, do Observatório Bellatrix, em Manciano, na Itália, que programou uma transmissão ao vivo do 3I/ATLAS no YouTube, para começar à 1h da manhã.
O post Como assistir à aproximação do 3I/ATLAS com a Terra pela internet apareceu primeiro em Olhar Digital.





