O aspartame é um dos adoçantes artificiais mais usados no mundo. Ele está presente em refrigerantes diet, produtos “zero açúcar” e alimentos industrializados. Por ser cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar comum, é usado em pequenas quantidades e quase não adiciona calorias à dieta.
Por muitos anos, o aspartame foi visto como uma alternativa para reduzir o consumo de açúcar. No entanto, ainda existem dúvidas sobre seus efeitos no organismo quando consumido por longos períodos.
Um estudo publicado nessa quinta-feira (18/12) na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy ajuda a esclarecer parte dessa questão ao analisar impactos do adoçante no corpo de ratos ao longo de um ano.
Leia também
Aspartame: adoçante é livre de calorias, mas não livre de riscos
Trocar açúcar por adoçante emagrece? Especialista explica
Açúcar, mel e adoçantes: mitos e diferenças que você precisa saber
Estudo associa adoçantes a declínio cognitivo; neurologista explica
O que os pesquisadores analisaram
O estudo foi conduzido por pesquisadores do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede para Doenças Respiratórias (CIBERES), na Espanha. Eles ofereceram aspartame a camundongos diariamente por 12 meses, em uma dose considerada baixa e bem abaixo do limite máximo recomendado para humanos.
Para comparação, a quantidade usada nos animais correspondeu a cerca de um sexto do limite diário aceito por agências reguladoras internacionais, como OMS, FDA e EMA. Durante esse período, os pesquisadores acompanharam mudanças no peso, na gordura corporal, no coração e no comportamento dos animais.
Ao final do experimento, os resultados mostraram que os ratos que consumiram aspartame tiveram redução de cerca de 20% nos depósitos de gordura corporal em comparação com o grupo que não recebeu o adoçante. Isso significa que, de fato, o aspartame ajudou a diminuir o acúmulo de gordura nesses animais.
Por outro lado, os cientistas observaram alterações importantes em outros órgãos. O coração dos ratos apresentou leve hipertrofia, que é o aumento do tamanho das células cardíacas. Embora esse aumento tenha sido considerado discreto, ele indica que o órgão passou por adaptações estruturais.
Além disso, os animais tiveram desempenho pior em testes cognitivos, usados para avaliar memória e aprendizado. Esse resultado sugere que o consumo prolongado de aspartame pode ter afetado o funcionamento do cérebro dos camundongos.
Em quais produtos o aspartame é encontrado
O aspartame é usado principalmente para adoçar alimentos e bebidas com baixo ou nenhum açúcar. Em geral, o aspartame aparece no rótulo com o próprio nome “aspartame” ou como INS 951. Ele pode estar presente em:
Refrigerantes diet, light e zero açúcar.
Sucos industrializados e bebidas em pó “zero” ou “diet”.
Iogurtes e sobremesas lácteas com redução de açúcar.
Balas, chicletes e pastilhas sem açúcar.
Gelatinas diet e light.
Produtos para diabéticos, como doces e chocolates sem açúcar.
Adoçantes de mesa, em pó ou líquido.
Alguns medicamentos, especialmente xaropes, comprimidos mastigáveis e vitaminas.
Efeito do aspartame a longo prazo
Segundo os autores, essa combinação de efeitos — menos gordura, mas alterações no coração e no cérebro — não havia sido descrita antes de forma tão clara, possivelmente porque poucos estudos acompanharam os efeitos do aspartame por períodos tão longos.
Os pesquisadores destacam que, mesmo em doses consideradas seguras, o adoçante provocou mudanças mensuráveis em órgãos vitais. Isso reforça a necessidade de avaliar com mais cuidado o impacto do consumo contínuo de adoçantes artificiais.
É importante ressaltar que o experimento foi feito apenas em ratos. Embora os animais sejam amplamente usados em pesquisas científicas, os resultados não podem ser aplicados diretamente aos humanos.
Diferenças no metabolismo e no funcionamento do organismo podem fazer com que os efeitos do aspartame sejam diferentes em pessoas. Por isso, os próprios autores afirmam que mais estudos em humanos são necessários antes de qualquer mudança em recomendações de consumo.
O estudo sugere que o aspartame pode reduzir gordura corporal em modelos animais, mas não sem possíveis custos para a saúde do coração e do cérebro. Para quem consome produtos adoçados artificialmente com frequência, os dados reforçam a importância da moderação e de uma alimentação variada e equilibrada.





