Xingar ao sentir dor pode parecer apenas um reflexo impulsivo, mas a ciência vem mostrando que o hábito tem efeitos mensuráveis no corpo.
Um conjunto crescente de estudos indica que palavrões podem reduzir a percepção da dor — fenômeno conhecido como “efeito hipoalgésico dos palavrões” — e até melhorar a força e a resistência física. As conclusões mais recentes foram publicadas no periódico American Psychologist.
O interesse científico pelo tema ganhou força com o psicólogo Richard Stephens, da Universidade de Keele, que passou a investigar o assunto após observar o uso espontâneo de palavrões durante o parto de sua esposa.
“Xingar é uma resposta extremamente comum à dor. Deve haver uma razão para isso”, afirmou o pesquisador.
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Dor menor e limiar mais alto
Em um experimento clássico de 2009, voluntários foram convidados a manter a mão em água gelada enquanto repetiam um palavrão ou uma palavra neutra.
Os resultados mostraram que aqueles que xingavam relataram menos dor e conseguiram suportar o desconforto por cerca de 40 segundos a mais.
Estudos posteriores indicaram que o efeito é mais forte em pessoas que não costumam xingar com frequência, possivelmente porque atribuem maior carga emocional às palavras.
Pesquisas de acompanhamento revelaram ainda que apenas palavrões reais — e não termos inventados — elevam o limiar de dor, reforçando a ideia de que o impacto está ligado ao significado emocional da linguagem.
Mais força e menos inibição
Além da dor, Stephens e colegas investigaram se xingar poderia melhorar o desempenho físico.
Em testes de resistência, participantes que repetiam palavrões conseguiram sustentar o próprio peso por mais tempo do que aqueles que usavam palavras neutras. Eles também relataram maior foco, autoconfiança e sensação de “fluxo”.
Para os pesquisadores, xingar funciona como uma forma de desinibição. “É uma ferramenta simples, gratuita e disponível para dar um impulso quando precisamos ir um pouco além”, disse Stephens.
A equipe agora estuda se o efeito pode se estender a situações como falar em público ou interações sociais, em que muitas pessoas tendem a se conter.
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