TikTok nos EUA: entenda a venda do aplicativo e o que vem por aí

O TikTok assinou um acordo para vender o controle de sua operação nos Estados Unidos, em mais um capítulo de uma disputa que se arrasta há anos entre a plataforma e o governo americano. A solução encontrada passa pela criação de uma empresa, comandada por investidores dos EUA, para afastar de vez o risco de banimento do aplicativo no país.

O movimento encerra (ao menos no papel) um impasse político, regulatório e econômico que envolve segurança nacional, dados de usuários e o futuro do algoritmo que tornou o TikTok uma das redes sociais mais influentes do mundo, com mais de 170 milhões de usuários só nos EUA.

Como funciona o acordo que redesenha o TikTok nos Estados Unidos

Na prática, o acordo cria a TikTok USDS Joint Venture LLC, empresa independente que passa a concentrar as partes mais sensíveis da operação do TikTok nos EUA. É ela que assume responsabilidades como proteção de dados, segurança do algoritmo, moderação de conteúdo e garantia do software usado no país.

Acordo cria a TikTok USDS Joint Venture LLC, empresa independente que passa a concentrar as partes mais sensíveis da operação do TikTok nos EUA (Imagem: PJ McDonnell/Shutterstock)

O controle dessa nova empresa fica concentrado num consórcio liderado por investidores dos EUA. Oracle e Silver Lake comandam a estrutura, ao lado do fundo MGX, de Abu Dhabi, enquanto a ByteDance mantém uma participação minoritária, inferior a 20%. A operação americana é avaliada em torno de US$ 14 bilhões (aproximadamente R$ 70 bilhões).

Um ponto-chave do acordo é o papel da Oracle. A empresa se torna a chamada “parceira de segurança confiável”, responsável por auditar o cumprimento das exigências de segurança nacional e por armazenar os dados de usuários americanos em servidores nos EUA. Na prática, é uma tentativa de blindar o TikTok contra acusações de interferência externa.

Ao mesmo tempo, o desenho separa funções. A nova joint venture cuida do que Washington considera sensível, enquanto entidades ligadas à ByteDance continuam responsáveis por áreas comerciais globais, como publicidade, marketing e e-commerce. A previsão é que todo esse arranjo esteja concluído até 22 de janeiro de 2026, data-limite estabelecida após sucessivos adiamentos.

Por que o TikTok chegou a esse ponto – e o que ainda pode mudar

A pressão começou em 2020, quando o presidente Donald Trump, no seu primeiro mandato, tentou banir o TikTok sob o argumento de que o aplicativo poderia permitir o acesso do governo chinês a dados de cidadãos americanos. Desde então, o tema virou uma novela política em Washington.

Para usuários do TikTok e criadores de conteúdo, o impacto imediato do acordo tende a ser positivo (Imagem: Kaspars Grinvalds/Shutterstock)

Em 2024, o Congresso aprovou uma lei mais dura: se a ByteDance não vendesse o controle da operação nos EUA, o aplicativo poderia ser bloqueado no país. A medida foi validada pela Suprema Corte, mas sua aplicação acabou sendo adiada várias vezes por decisões do próprio Trump, já de volta à Casa Branca.

A ByteDance sempre negou qualquer vínculo com Pequim e afirma que os dados de usuários americanos já são tratados nos EUA. Ainda assim, o governo americano manteve desconfianças, sobretudo em relação ao algoritmo de recomendação, o “cérebro” do TikTok. Mesmo com o novo acordo, especialistas e políticos questionam até que ponto esse algoritmo estará, de fato, fora do alcance chinês.

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Outro ponto em aberto é o aval político final. Há a possibilidade de o acordo ainda precisar passar por novas análises no Congresso, o que pode influenciar prazos e ajustes. Para usuários e criadores de conteúdo, porém, o impacto imediato tende a ser positivo. O risco de interrupção do serviço diminui. E o TikTok ganha um horizonte de maior estabilidade em seu mercado mais valioso.

(Essa matéria usou informações de Axios e Reuters.)

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