Telescópio Hubble flagra colisão de asteroides próxima da Terra

Astrônomos conseguiram observar pela primeira vez asteroides colidindo fora do Sistema Solar. A descoberta foi feita com o Telescópio Espacial Hubble, ao analisar a região ao redor da estrela Fomalhaut, que fica a cerca de 25 anos-luz da Terra.



Em vez de ver diretamente os asteroides, os cientistas identificaram nuvens de poeira e detritos brilhando ao refletir a luz da estrela. Essas nuvens surgem quando grandes corpos rochosos se chocam em alta velocidade, se despedaçando no espaço.

Leia também

Ciência

Telescópio Hubble faz imagem mais nítida de cometa interestelar raro

Ciência

Hubble encontra buraco negro 174 milhões de vezes maior que o Sol

Ciência

Telescópio Espacial Hubble registra nuvens que parecem algodão-doce

Ciência

Nova imagem do Hubble revela detalhes inéditos da Galáxia do Sombrero

O que acontece ao redor de Fomalhaut

Fomalhaut é uma estrela mais jovem, maior e mais brilhante que o Sol. Ela é cercada por um amplo disco de detritos, formado por restos da criação de planetas. Por isso, o sistema é estudado há anos como um exemplo de como outros mundos podem surgir.

Durante as observações, os astrônomos detectaram duas nuvens distintas de detritos. Uma delas já havia sido vista antes e recebeu o nome de CS1. A outra, chamada CS2, apareceu de forma inesperada nas imagens mais recentes, indicando uma nova colisão.

Essas nuvens não são planetas. Elas são formadas por fragmentos de objetos grandes, com dezenas de quilômetros de diâmetro, parecidos com asteroides ou pequenos protoplanetas, que se chocaram e se despedaçaram.

Por que essa descoberta é importante

Até pouco tempo, os cientistas acreditavam que colisões desse tipo fossem muito raras, ocorrendo talvez uma vez a cada 100 mil anos em uma mesma região. No entanto, o fato de o Hubble ter registrado duas colisões em cerca de 20 anos sugere que esses eventos podem ser mais comuns, principalmente em sistemas jovens.

Os choques têm papel fundamental na formação de planetas. No início de um sistema estelar, corpos rochosos colidem repetidamente. Algumas vezes eles se quebram; em outras, se juntam e crescem. Com o tempo, esse processo pode levar ao surgimento de planetas e luas.

Os pesquisadores comparam essa observação com o passado do nosso próprio Sistema Solar, quando a Terra ainda estava se formando, há mais de 4 bilhões de anos.

O que os cientistas esperam descobrir agora

A próxima etapa é acompanhar como essas nuvens de poeira evoluem com o tempo. Ao combinar novas observações do Hubble com dados do Telescópio Espacial James Webb, os astrônomos querem entender como os detritos se espalham e como esses choques influenciam o nascimento de planetas.

Além de mudar o que se sabia sobre a frequência dessas colisões, a descoberta abre uma nova forma de estudar como os sistemas planetários se constroem — inclusive o nosso.