Uma dieta rica em gordura é um dos principais fatores de risco para o câncer de fígado, e um novo estudo do MIT ajuda a explicar por quê.
Pesquisadores descobriram que esse tipo de alimentação altera profundamente a identidade das células hepáticas, tornando-as mais propensas a se transformar em tumores ao longo do tempo. Os resultados foram publicados nesta semana na revista Cell.
O trabalho mostra que, diante do estresse causado por uma dieta rica em gordura, os hepatócitos — as células mais abundantes do fígado — passam por um processo de “reversão”.
Em vez de manterem suas funções maduras, essas células retornam a um estado imaturo, semelhante ao de células-tronco. Essa adaptação aumenta a chance de sobrevivência no curto prazo, mas eleva o risco de câncer no futuro.
Sobrevivência celular com custo elevado
Segundo os pesquisadores, os hepatócitos ativam genes que os tornam mais resistentes à morte celular e mais propensos à proliferação.
Ao mesmo tempo, desligam genes essenciais para o funcionamento normal do fígado, como aqueles ligados ao metabolismo.
“É uma troca clara: a célula prioriza a própria sobrevivência em detrimento da saúde do tecido”, explica Constantine Tzouanas, um dos autores do estudo.
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As células imaturas, dizem os cientistas, já ativam vias genéticas semelhantes às do câncer, o que facilita uma transformação tumoral quando surgem mutações.
Evidências também em humanos
Ao analisar amostras de tecido hepático humano, os pesquisadores observaram padrões semelhantes. Pacientes com maior ativação desses genes de sobrevivência celular e menor expressão de genes ligados à função hepática apresentaram pior prognóstico e menor sobrevida.
O estudo também identificou possíveis alvos para novos tratamentos, incluindo fatores de transcrição que controlam essa reversão celular. Agora, a equipe investiga se mudanças na dieta ou medicamentos — como terapias para perda de peso — podem reverter parte desse processo e reduzir o risco de câncer.
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