Cientistas encontram 20 novas espécies no Oceano Pacífico. Veja fotos

Cientistas anunciaram uma descoberta importante sobre a vida marinha: pelo menos 20 novas espécies foram encontradas em recifes profundos do Oceano Pacífico, em uma região pouco conhecida chamada de zona crepuscular do mar.

Trata-se de uma faixa do oceano onde a luz do sol quase não chega e que ainda é pouco estudada pela ciência. Todas as descobertas foram feitas por pesquisadores da California Academy of Sciences, nos Estados Unidos, e divulgadas pela própria instituição em 16 de dezembro.

Leia também

Ciência

Mini fofura! Nova espécie de joaninha é descoberta nas dunas da Bahia

Ciência

Veja fotos de marsupial que brilha no escuro descoberto na Tasmânia

Ciência

Cobra-de-duas-cabeças: nova espécie de réptil é descoberta na Bahia

Ciência

Nova espécie de peixe descoberta mostra a evolução acontecendo ao vivo

Foram analisados dados coletados ao longo de vários anos em áreas profundas próximas à ilha de Guam, no Pacífico. Para isso, os cientistas usaram equipamentos especiais deixados no fundo do mar desde 2018, que funcionam como pequenos recifes artificiais e atraem diferentes formas de vida marinha.

Esses dispositivos, chamados de Autonomous Reef Monitoring Structures (ARMS), foram recuperados em uma expedição realizada em novembro de 2025. Ao todo, 13 estruturas foram retiradas do fundo do oceano, de profundidades entre 55 e 100 metros.

Dentro delas, os pesquisadores encontraram cerca de 2 mil organismos, que representam aproximadamente 100 espécies ainda não registradas naquela região. Dessas, ao menos 20 parecem ser totalmente novas para a ciência.

Segundo o pesquisador Luiz Rocha, curador de ictiologia da instituição, esse número ainda pode crescer. Isso porque muitos organismos precisam passar por análises genéticas, que ajudam a confirmar se realmente se tratam de espécies diferentes. “Provavelmente são mais, porque o DNA pode mostrar diferenças que não aparecem só olhando o animal”, explicou.

Entre os possíveis novos organismos estão caranguejos, esponjas, ascídias (conhecidas como “esguichos-do-mar”) e gorgônios, um tipo de coral.

5 imagensFechar modal.1 de 5

Foto nítida do ARMS (sigla em inglês) da estrutura de metal que abriga parte da biodiversidade marinha para estudos futuros

2 de 5

Recifes profundos do Pacífico revelam espécies nunca antes registradas

Reprodução/ California Academy of Sciences3 de 5

Equipamentos ficaram anos no fundo do mar coletando vida marinha

Reprodução/ California Academy of Sciences4 de 5

Animais vivem na zona crepuscular, onde quase não chega luz solar

Reprodução/ California Academy of Sciences5 de 5

Descobertas ajudam a entender a biodiversidade escondida dos oceanos

Reprodução/ California Academy of Sciences

O que é a “zona crepuscular” do oceano

A chamada zona crepuscular fica entre águas rasas e grandes profundidades. É um ambiente difícil de estudar por causa da baixa luminosidade, da pressão da água e das limitações de tempo para mergulhos humanos.

Por isso, os ARMS são tão importantes. Eles ficam anos no fundo do mar, permitindo que os cientistas observem a vida marinha de forma contínua. Rocha compara esses equipamentos a “pequenos hotéis submersos, onde os organismos se instalam com o tempo”.

Além de revelar novas espécies, o estudo trouxe outro dado preocupante: sinais de aquecimento nas águas profundas dos recifes. As medições feitas ao longo dos anos mostram variações de temperatura, indicando que nem mesmo essas regiões mais profundas estão protegidas dos efeitos das mudanças climáticas.

Próximos passos da pesquisa

Agora, os cientistas seguem com a análise genética detalhada dos organismos coletados. Esse processo pode levar meses ou anos, até que as espécies sejam oficialmente descritas e recebam nomes científicos.

A equipe também planeja recuperar mais estruturas semelhantes em outras regiões do Pacífico, como Palau e Polinésia Francesa. A meta é analisar 76 dispositivos, ampliando o conhecimento sobre a biodiversidade marinha em águas profundas.

Grande parte dos oceanos ainda é desconhecida, mesmo com toda a tecnologia disponível hoje. Cada nova espécie identificada ajuda a entender melhor como a vida se adapta a ambientes extremos.

Além disso, só é possível proteger aquilo que se conhece. Mapear a biodiversidade é um passo essencial para criar estratégias de conservação e avaliar os impactos das mudanças climáticas sobre os oceanos.

Com apenas cerca de 20% do fundo do mar já explorado diretamente, os pesquisadores reforçam que o oceano profundo ainda guarda muitos segredos — e que conhecê-los é fundamental para proteger o futuro da vida marinha.