Como a radiação solar afeta a eletrônica dos aviões

No final de novembro, companhias aéreas em diversos países precisaram manter imediatamente cerca de 6.000 aviões Airbus A320 no solo. Investigadores descobriram que explosões intensas de radiação solar poderiam corromper os dados dos computadores de controle de voo, causando movimentos bruscos do nariz da aeronave, um fenômeno conhecido como pitch.

Segundo o TechXplore, O problema afetou voos comerciais, obrigando empresas como a australiana Jetstar a cancelar cerca de 90 voos, prejudicando mais de 15 mil passageiros. Felizmente, o sistema funcionou corretamente desta vez, evitando acidentes graves. O episódio mostrou que a radiação solar é um desafio real para a aviação moderna, tornando ações preventivas e verificações rigorosas essenciais para a segurança dos passageiros e equipamentos.

Aviões A320 foram mantidos no solo após radiação solar corromper dados de voo; sistema funcionou corretamente. Imagem: Artsiom P / Shutterstock

O perigo invisível nas alturas

Aviões modernos, como os A320, usam tecnologia fly by wire, em que o movimento do manche é interpretado por computadores que controlam as superfícies da aeronave. Sem ligação mecânica direta, a segurança depende totalmente da eletrônica a bordo.

O recall da Airbus deve ser visto menos como um erro isolado e mais como um alerta para o futuro.

 Dr. Mitra Safavi-Naeini, líder interino do Center for Accelerator Science, em nota.

A investigação indicou que partículas solares energéticas, combinadas a uma atualização recente de software, poderiam gerar erros transitórios nos microchips, causando movimentos inesperados e possíveis lesões, como já ocorreu em outros casos, como o voo Qantas 72.

Erros transitórios nos microchips do A320, causados por partículas solares, já provocaram incidentes como o voo Qantas 72. Foto: Airbus/Reprodução

Testes que salvam vidas

Na Austrália, o Center for Accelerator Science consegue reproduzir ambientes de radiação no solo para testar sistemas críticos de aviões, satélites e outros equipamentos.

Alguns testes realizados incluem:

Simulação de eventos únicos (single-event testing).

Dose total de radiação ionizante.

Danos por deslocamento de partículas.

Mapeamento da dose ionizante local.

Modelagem completa de sistemas integrados.

“Essas são as questões que os testes de resistência à radiação devem responder”, explica Dr. Safavi-Naeini.

Com o pico do Ciclo Solar 25, tempestades solares podem afetar aviões, drones, satélites e futuros veículos autônomos. Imagem: Mike_shots/Shutterstock

Um alerta para toda a indústria

Com a Terra entrando no pico do Ciclo Solar 25, tempestades solares podem se tornar mais frequentes, afetando aviões, drones, satélites e futuros veículos autônomos.

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Os testes realizados no centro australiano ajudam a garantir que passageiros e equipamentos estejam protegidos, antecipando problemas antes que eles aconteçam.

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