Comeu demais? Saiba como o corpo reage ao exagero e como se recuperar

No final de ano, em épocas festivas, é muito comum exagerar na comida. Depois da comilança, sintomas como barriga estufada, queimação, sono fora de hora e até irritação podem aparecer, principalmente em datas como Natal e Ano Novo, marcadas por pratos mais gordurosos, doces e bebidas alcoólicas.

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam que o organismo responde ao exagero em etapas. Primeiro, há uma tentativa de gastar a energia extra. Se isso não acontece, o corpo reduz o ritmo e armazena a energia que sobrou, o que costuma provocar sensação de cansaço e desconforto depois da refeição.

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O que acontece quando o corpo recebe comida em excesso

Depois de uma refeição muito grande, o corpo começa a se reorganizar por meio das substâncias que controlam o açúcar no sangue. Essas substâncias avisam se já é hora de parar de comer ou não e a primeira tentativa do organismo é usar parte da energia que acabou de entrar.

Nesse momento, o corpo tenta gastar o excesso, por isso, algumas pessoas podem sentir calor, suar mais e ficar com o rosto avermelhado. Como essa estratégia funciona por pouco tempo, o organismo desacelera e passa a guardar o que não conseguiu usar, principalmente na forma de gordura.

“A sonolência e a lentidão que aparecem depois de comer demais vêm da tentativa do corpo de armazenar a energia excedente”, explica o médico gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília.

Além disso, o estômago permanece cheio por mais tempo e o intestino reage com gases, distensão e ruídos que vêm da barriga. A sonolência aparece junto com um raciocínio mais lento e sensação de cansaço.

Também podem surgir azia, sensação de peso e mudanças no hábito intestinal. Dependendo da composição da refeição, o intestino pode acelerar ou, ao contrário, ficar mais preso.

O que ajuda o corpo a se recuperar?

Depois de exagerar na comida, não é necessário fazer dieta radical nem pular refeições. O mais indicado pelos médicos é comer porções menores, escolher alimentos mais leves e beber bastante água ao longo do dia. Diminuir os doces, frituras e bebidas alcoólicas ajuda o corpo a se reorganizar mais rápido.

Movimentar o corpo de forma leve, como em uma caminhada, também ajuda na digestão. Dormir bem e beber chás, como hortelã ou gengibre, pode aliviar o desconforto. Com esses cuidados, o organismo costuma voltar ao normal sozinho.

Em casos de exagero na comida, comer porções menores, beber água e caminhar já ajuda o corpo a voltar ao normal

Açúcar, gordura e álcool causam reações diferentes no corpo

Cada tipo de exagero costuma causar um tipo de mal-estar. Comer muito açúcar ou alimentos ricos em carboidratos simples, por exemplo, faz o açúcar no sangue subir rápido. Pouco tempo depois, a taxa cai, causando cansaço, sono e fome novamente.

Pratos muito gordurosos demoram mais para ser digeridos. Por isso, aumentam a sensação de estômago pesado, queimação e empachamento. Já o álcool exige mais do fígado, desidrata o corpo e pode provocar fraqueza. Além disso, a bebida costuma estimular a vontade de comer ainda mais.

“Quando essas subidas e quedas do açúcar no sangue acontecem com frequência, o corpo passa a ter mais dificuldade para controlar a fome. Com o tempo, isso favorece o ganho de peso e desorganiza o funcionamento do metabolismo”, ressalta a médica endocrinologista Camila Ribeiro, da Clínica Regoto, no Rio de Janeiro.

Quando o exagero deve preocupar?

Exagerar na comida de vez em quando, em geral, não traz grandes problemas. A preocupação começa quando isso vira hábito, já que repetir excessos com frequência faz o corpo funcionar fora do ritmo normal.

Com o tempo, essa rotina prejudica a digestão, desorganiza o controle da fome e do açúcar no sangue e sobrecarrega órgãos importantes, como fígado, rins e coração. É aos poucos que esses efeitos aparecem, muitas vezes sem sinais imediatos.

Quem precisa ter atenção redobrada?

Algumas pessoas sentem mais os efeitos de exagerar na comida. É o caso de idosos, crianças, gestantes e quem já convive com alguma doença. Nesses grupos, o corpo perde líquidos com mais facilidade e demora mais para se recuperar.

Também é importante procurar ajuda médica se os sintomas não melhorarem. Vômitos repetidos, diarreia forte ou dor abdominal que não passa não podem ser ignorados.