Símbolos do Ártico, os ursos-polares estão entre os animais mais emblemáticos das regiões cobertas por gelo. Adaptados para viver e caçar sobre o gelo marinho, eles dependem diretamente do ambiente para se alimentar e se reproduzir.
Com o avanço das mudanças climáticas, porém, o derretimento acelerado do gelo tem reduzido drasticamente seu habitat, colocando a espécie em risco. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam que a extinção dos ursos-polares teria efeitos quase imediatos no funcionamento do ecossistema do Ártico.
Ausência de um predador no topo da cadeia
Considerados os principais predadores da região, os ursos-polares exercem um papel central no controle populacional de outras espécies, especialmente das focas. Sem a pressão natural, o equilíbrio ecológico seria alterado rapidamente.
“A extinção do urso polar causaria um desequilíbrio imediato no ecossistema do Ártico. Como são os principais predadores da região, sua ausência afetaria diretamente o controle natural de outras espécies, especialmente as focas”, afirma o professor Igor Zimovski, diretor da clínica veterinária do Centro Universitário Uniceplac.
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A coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília, Morgana Bruno, reforça que os impactos não ficariam restritos a uma única espécie.
“A extinção dos ursos polares causaria um colapso em cascata no ecossistema do Ártico, afetando desde a biologia de suas presas até o funcionamento geral do ambiente onde eles atuam como reguladores biológicos”, explica.
Efeito dominó na cadeia alimentar
Com a ausência dos ursos-polares, as populações de focas tenderiam a crescer sem controle. Esse aumento ampliaria a pressão sobre peixes e crustáceos, base alimentar desses mamíferos marinhos, provocando escassez de recursos e afetando outras espécies que dependem do mesmo ecossistema.
“O urso é o principal predador das focas e a sua ausência levaria a um crescimento descontrolado dessas populações, especialmente da foca-anelada”, destaca Morgana.
Segundo ela, o desequilíbrio se espalharia pela cadeia alimentar, atingindo também animais que se beneficiam indiretamente da presença dos ursos. “Raposas-do-ártico e aves carniceiras, por exemplo, dependem dos restos das presas deixados pelos ursos para sobreviver durante o inverno rigoroso”, diz.
Consequências que vão além do Ártico
Os efeitos da extinção dos ursos-polares não se limitariam às regiões geladas do planeta. O Ártico desempenha um papel importante na regulação do clima global, e alterações em seu equilíbrio ecológico podem gerar consequências em escala mundial.
“Alterações no equilíbrio ecológico da região podem impactar correntes oceânicas, padrões climáticos e a biodiversidade marinha em outras partes do planeta”, afirma Zimovski.
O que ainda pode ser feito?
Apesar do cenário preocupante, os especialistas afirmam que ainda há espaço para reduzir os riscos de extinção. As ações, no entanto, precisam ser rápidas e articuladas em nível global.
A principal medida envolve a redução das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta e pelo derretimento do gelo marinho.
Além disso, Zimovski destaca a importância da proteção do habitat no Ártico, do monitoramento contínuo das populações de ursos-polares e de acordos internacionais voltados à conservação da espécie. “Sem enfrentar as causas das mudanças climáticas, qualquer esforço de preservação será insuficiente”, conclui.






