Aquecimento global pode fazer milhares de geleiras sumirem até 2050

Responsáveis por armazenar água e ajudar a regular o clima global, milhares de geleiras podem desaparecer ano após ano nas próximas décadas. A descoberta feita por pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), na Suíça, aponta para a urgência de controlar o aquecimento global para evitar uma tragédia ambiental.

O estudo liderado pelo glaciologista Lander Van Tricht, do ETH Zurique, foi publicado na revista científica Nature Climate Change em 15 de dezembro. De acordo com a análise, a depender da temperatura global, 4 mil geleiras podem desaparecer a cada ano até a década de 2050.

Para os cientistas, as ações mundiais contra as mudanças climáticas determinarão a quantidade de blocos de gelo a serem salvos.

“Nossos resultados reforçam a urgência de políticas climáticas ambiciosas. O desaparecimento de cada geleira pode ter grandes impactos locais, mesmo que sua contribuição para o derretimento da neve seja pequena”, afirma Van Tricht em comunicado.

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Temperatura global interfere no futuro das geleiras

Diferentemente de estudos anteriores que se concentram em investigar a perda de massa e área de grandes geleiras, a equipe de pesquisa do ETH Zurique investigou quantos exemplares menores poderiam derreter anualmente neste século. Apesar de não afetar tanto o nível do mar, o derretimento deles pode afetar o turismo e cultural local.

Os contornos de 211.490 geleiras foram analisados através de imagens de satélites pertencentes a um banco global de dados. O objetivo era investigar o ano em que o maior número delas poderia desaparecer. Atualmente, cerca de mil blocos de gelo derretem anualmente.

Modelos computacionais simularam diferentes cenários em que a temperatura global era maior ou menor, dependendo do avanço do aquecimento global.

Se a temperatura se elevar apenas 1,5ºC, 2 mil geleiras sumirão anualmente a partir de 2041. Assim, restariam 95 mil delas no mundo inteiro até 2100. Se o aquecimento chegar a 2,7ºC, aproximadamente 3 mil geleiras desaparecerão a cada ano entre 2040 e 2060, um ritmo que levaria a cerca de 43 mil sobreviventes até 2100.

Já em um cenário com uma elevação de 4ºC, até 4 mil blocos de gelo podem ir embora anualmente, restando apenas pouco mais de 18 mil até o final do século.

Para os cientistas, os resultados demonstram a urgência da antecipação dos compromissos climáticos mundiais para proteger o meio ambiente e as culturas ligadas ao clima glacial. “A perda de geleiras de que estamos falando aqui é mais do que apenas uma preocupação científica. Ela realmente toca nossos corações”, finaliza o coautor do artigo, Matthias Huss, da ETH Zurique.