Estudo: inalamos cerca de 70 mil partículas de microplásticos por dia

Um estudo revela que respiramos, em média, 70 mil partículas de microplásticos por dia. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Toulouse, na França, a maior concentração dessas partículas invisíveis é inalada quando estamos em ambientes fechados, como dentro das nossas casa e dos carros. A descoberta foi publicada no Journal Plos.One, na última quarta-feira (30/7).

Os dados surpreendentes vieram da análise do ar de apartamentos, escritórios e veículos, onde os cientistas encontraram concentrações médias de 528 partículas por metro cúbico em casas e 2.238 partículas por metro cúbico dentro de carros.

A maior parte dessas partículas — cerca de 94% — possui menos de 10 micrômetros de diâmetro, tamanho suficientemente pequeno para penetrar profundamente nos pulmões humanos. Esses fragmentos vêm da degradação de objetos cotidianos, como tecidos sintéticos, carpetes, estofados e plásticos utilizados em painéis automotivos.

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Como passamos aproximadamente 90% do nosso tempo em ambientes internos, os cientistas alertam para uma exposição contínua e significativa a esse tipo de poluição invisível. Há também registros de partículas encontradas em órgãos como fígado, pulmões, placenta, leite materno, cérebro e até cordão umbilical.

Os efeitos na saúde ainda não são totalmente compreendidos, mas pesquisas anteriores já associaram a presença de microplásticos no organismo humano a inflamações, distúrbios endócrinos, problemas respiratórios, maior risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e até câncer.

Porque o microplástico é tão perigoso?

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Embora mais comuns em ambientes marinhos, os microplásticos já foram encontrados em rios, lagos e áreas agrícolas brasileiras

Kinga Krzeminska / Getty Images
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Especialistas alertam para a necessidade de reduzir o uso de plástico, investir em reciclagem e ampliar os estudos de longo prazo, especialmente em ecossistemas de água doce

Peter Dazeley /Getty Images
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A interferência na fotossíntese desses microrganismos causa desequilíbrios ecológicos e pode levar à bioacumulação de toxinas em organismos como zooplâncton e peixes

Lisa Schaetzle /Getty Images4 de 5

Partículas de plástico aderem nas microalgas e cianobactérias, reduzindo a incidência de luz e afetando diretamente a capacidade de produzir oxigênio e energia

Yunaidi Joepoet / Getty Images5 de 5

Os microplásticos contaminam solos agrícolas, afetando a passagem de água e nutrientes, o crescimento das raízes e a fotossíntese das plantas

Karetoria / Getty Images

Além do impacto potencial à saúde, o estudo lança um alerta para a necessidade de repensar o uso de materiais plásticos no dia a dia, especialmente dentro de ambientes fechados. Os autores recomendam medidas práticas para reduzir a exposição, como melhorar a ventilação dos cômodos, usar purificadores de ar com filtro HEPA, evitar o uso de tecidos e objetos sintéticos e preferir fibras naturais sempre que possível.

Também é aconselhável evitar o aquecimento de alimentos em recipientes plásticos e substituir garrafas descartáveis por opções reutilizáveis.

Embora ainda não haja um consenso definitivo sobre os efeitos diretos da inalação de microplásticos na saúde humana, o acúmulo de evidências aponta para a urgência de mudanças em políticas públicas e hábitos individuais.

Segundo os pesquisadores, entender a quantidade real de partículas inaladas diariamente é o primeiro passo para avaliar os riscos e criar estratégias de proteção. O estudo também destaca a necessidade de ampliar o monitoramento de microplásticos em ambientes fechados, algo até agora negligenciado em relação à poluição do ar.

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