Pesquisadores da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, acoplaram câmeras, GPS e acelerômetros em 18 atobás-de-patas-vermelhas para observar o comportamento de caça da espécie. A pesquisa foi publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B, nessa quarta (6/8).
Com as imagens, os cientistas conseguiram registrar as aves voando sobre o Oceano Índico durante caçadas em alta velocidade. Em 15 tentativas de predação, 14 aconteceram em pleno voo e apenas uma durante o mergulho.
Além das câmeras, os rastreadores ajudaram a entender como as aves usam o vento para caçar. Os dados mostram que o atobá seleciona as correntes mais favoráveis para economizar energia durante o voo e conseguir capturar presas com mais eficiência.
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Captura de presas no ar
As imagens registradas pelas câmeras nas costas dos atobás confirmaram uma suspeita dos pesquisadores: a espécie consegue capturar peixes-voadores ainda no ar, pouco acima da superfície da água.
A habilidade de pegar presas durante o voo é especialmente vantajosa em mar aberto, onde a movimentação dos peixes exige rapidez. O material mostra como a ave detecta e alcança o alimento em alta velocidade.
É a primeira vez que pesquisadores obtêm imagens desse tipo diretamente da perspectiva da ave. O conteúdo reforça a hipótese de que parte significativa da dieta do atobá-de-patas-vermelhas pode ser obtida sem a necessidade de mergulho.
O atobá-de-patas-vermelhas pode ser encontrado em diversos locais tropicais, como as Ilhas Galápagos, Caribe e Oceano Índico
Aproveitamento das correntes de ar
As análises mostraram que o atobá-de-patas-vermelhas utiliza principalmente ventos cruzados e de cauda durante o voo. O vento cruzado, que sopra lateralmente, ajuda a manter a sustentação, enquanto o de cauda, na mesma direção do deslocamento, permite maior velocidade com menor esforço.
Esse comportamento está ligado à anatomia da espécie, que possui asas longas e estreitas em proporção ao corpo. Essa estrutura facilita o planeio e permite que as aves percorram longas distâncias sem bater as asas constantemente.
Caça estratégica em ventos fortes
Durante ventanias mais intensas, os atobás mostraram maior tendência a continuar caçando, em vez de descansar. Nessas condições, os peixes-voadores ficam mais tempo no ar, o que aumenta as chances de captura.
Esse padrão de comportamento contrasta com o de outras aves marinhas, como os albatrozes, que enfrentam mais dificuldade para caçar quando os ventos estão fortes. A diferença pode estar associada ao tipo de presa e ao estilo de voo de cada espécie.
A capacidade de explorar ventos desfavoráveis para outras aves indica uma adaptação eficaz do atobá ao ambiente marinho, marcado por imprevisibilidade e escassez de alimento em determinados momentos.
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