A influenciadora fitness Alison Doyle compartilhou com os seguidores, em 1° de agosto, que havia encontrado um morcego em seu vaso sanitário. Em um vídeo viral do TikTok, ela misturou humor e desespero ao mostrar o animal no banheiro: “primeira vez que preciso de um homem aqui”, disse a canadense.
O momento, porém, acabou levantando um debate sobre a necessidade de se imunizar para raiva após ter contato com animais silvestres. Alison recebeu centenas de conselhos para procurar um hospital e tomar uma vacina antirrábica.
Os comentários aconselhando-a a se vacinar foram mais intensos depois que ela afirmou em outro vídeo que havia tocado no morcego para verificar se o animal estava vivo antes de dar descarga nele. Depois de notar um arranhão na perna, sem saber a origem dele, Alison aceitou a recomendação e foi ao hospital.
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A vacina contra a raiva humana
A vacina contra a raiva não deve ser dada apenas após a mordida de um animal: contatos diretos com animais silvestres também podem ser veículos de transmissão de doenças. Mesmo sem marcas aparentes, o contato com o corpo de um animal pode levar a indicações do imunizante.
“A vacina contra a raiva pode até ser uma estratégia pré-exposição. Pessoas que têm contato constante com animais silvestres ou que vão a áreas endêmicas de raiva podem tomar o imunizante como estratégia prévia ao contato”, explica a infectologista pediátrica Sylvia Freire, do Sabin Diagnóstico e Saúde.
No protocolo do Brasil, a recomendação é vacinar apenas após o ataque de algum animal suspeito de raiva. Nestes casos, a vacina é dada em quatro doses em intervalos de 0, 3, 7 e 14 dias. A vacina costuma causar coceira no local da aplicação como único efeito colateral prevalente. Alison não voltou a publicar conteúdos contando sobre seu tratamento.
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A raiva é uma doença viral extremamente infecciosa. Ela acomete mamíferos e pode ser transmitida de animais para humanos, momento em que passa a ser chamada de raiva humana. A enfermidade, causada pelo vírus rábico, é caracterizada como uma encefalite progressiva e pode levar à morte
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Os animais que transmitem o vírus para os humanos são, principalmente, cães e gatos, mas todos os animais de sangue quente, desde que estejam infectados, podem ser transmissores. Morcegos que consomem sangue, raposas, guaxinins, macacos, bois, galinhas e porcos, por exemplo, também podem passar a doença
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Quando não tratada, a raiva humana pode levar à morte dentro de 7 dias, aproximadamente. Por isso, após a exposição ao vírus ou a partir do início dos sintomas é importante procurar ajuda médica o mais rápido possível
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A forma mais comum de transmissão da raiva é através da mordida de um animal, pois é preciso que a saliva infectada entre em contato com uma ferida na pele ou com a membrana dos olhos, nariz ou boca do outro indivíduo. Sendo mais raro, portanto, que aconteça por meio de arranhões
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Após o vírus adentrar o organismo, os sintomas da raiva em humanos começam a surgir em aproximadamente 45 dias. A manifestação da doença é semelhante a de uma gripe, tais como: dor na cabeça, mal estar, irritabilidade, fraqueza e febre. Além disso, no local da mordida também pode surgir algum desconforto, como sensação de formigamento ou de picada
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Conforme a progressão da doença, novos sintomas se manifestam, e, geralmente, relacionados com a função cerebral, tais como: confusão mental, ansiedade, comportamento anormal, agitação, alucinações e insônia. Quando surgem esses sintomas, o desfecho costuma ser fatal
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A raiva humana tem vacina, que deve ser aplicada em duas doses, com sete dias de intervalo. Por isso a importância de procurar socorro médico com urgência para que ela possa ser eficaz. Caso a doença esteja em quadro avançado, as chances de êxito diminuem
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Em animais, o principal meio de evitar a raiva é através da vacinação. O imunizante faz parte do calendário obrigatório para cães e gatos no Brasil
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Morcegos são maiores contaminadores
Os ataques de morcegos são os principais responsáveis por contaminações de raiva no Brasil. Entre 2010 e 2022, mais da metade das 45 pessoas infectadas com raiva humana no país foram atacadas por esses animais. Entre estas 45 vítimas, apenas duas conseguiram se curar após o diagnóstico e 43 delas morreram em decorrência da raiva.
Segundo o médico veterinário Samuel Pinheiro, “a raiva é uma doença viral pertencente à família Rhabdoviridae, com índice de letalidade próximo a 100%”. Ela é transmitida entre diversas espécies de mamíferos, geralmente por mordidas, mas arranhões e lambidas em mucosas ou feridas abertas também podem transmitir o vírus, explica o médico.
Em casos em que a vítima faz a correta imunização antes de os sintomas apareceram, porém, as chances de cura são bastante elevadas. A raiva é uma doença viral que atinge o sistema nervoso de forma progressiva e pode ter os primeiros sintomas manifestados até anos depois da contaminação, mas em média costumam se concentrar entre cinco e 45 dias depois da exposição.
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