Uma espécie de peixe que viveu no período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás, foi descrita por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em um artigo publicado na revista científica Nature.
O trabalho foi possível graças à descoberta de um fóssil durante a expedição Paleoantar, realizada na Formação da Ilha Snow Hill, na Antártica, que envolveu diversas instituições brasileiras. Trata-se do vertebrado mais completo encontrado nesta localidade.
“A descoberta de Antarctichthys longipectoralis acrescenta uma nova dimensão à nossa compreensão da anatomia dos decertídeos e da evolução dos Aulopiformes durante o Cretáceo Superior”, escrevem os autores.
Uma nova espécie de peixe
A análise filogenética mostrou que o Antarctichthys ocupa uma posição central como gênero-irmão de Rhynchodercetis e Hastichthys, contribuindo para a diversidade de decertídeos posteriormente;
Segundo os autores, o espécime relatado é único. “A presença de uma conexão otofísica bem desenvolvida, mandíbulas desdentadas e raios da nadadeira peitoral incomumente alongados representam uma configuração anatômica única entre os decertídeos, expandindo a disparidade morfológica conhecida dentro do grupo”, escrevem;
As características anatômicas também podem fornecer insights potenciais sobre adaptações ecológicas, como estratégias de alimentação especializadas (possivelmente relacionadas à alimentação por filtração).
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Pesquisa durou cinco anos
O fóssil foi escaneado por microtomografia computadorizada, uma técnica que fornece imagens de raio-x sem danificar o objeto. As projeções são geradas em alta resolução, possibilitando aos cientistas a realizarem análises minuciosas, com detalhes. O espécime foi recriado com cabeça longa, corpo delgado e pequenos espinhos neurais, medindo entre oito e dez centímetros.
À Agência Brasil, a bióloga Valéria Gallo, professora titular do Departamento de Zoologia da UERJ, explicou que a descoberta corrobora a importância de pesquisas na Antártica para a compreensão da evolução da vida e da biodiversidade atual.
“O continente antártico, hoje uma vastidão gelada, já foi um ambiente rico em florestas e vida marinha. Descobertas como essa revolucionam nosso entendimento sobre como ecossistemas antigos responderam às mudanças ambientais. A presença desse fóssil sinaliza que a área da Península Antártica provavelmente possuía um clima mais quente e maior biodiversidade durante o Cretáceo.”
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