Cânions do Rio Salobra: uma das paisagens mais impressionantes do Mato Grosso do Sul

Apesar de ter nascido numa cidade pequenina no interior de São Paulo, sou sul-mato-grossense de alma. Morei boa parte da vida em Campo Grande, então visitar Bonito nunca foi algo raro e já cheguei a repetir muitos dos passeios clássicos por lá. Por isso, a trilha aquática pelos Cânions do Salobra, a cerca de uma hora de carro de Bonito, na Serra da Bodoquena, surgiu como uma oportunidade nova, algo diferente de tudo que eu já havia feito na região.

Para fazer o passeio, é preciso antes providenciar calçados com sola firme, bons para andar dentro da água e evitar escorregões ao pisar em pedras molhadas. Isso porque o trajeto vai acompanhando o curso do Rio Salobra: em boa parte do percurso, molha-se apenas os pés, mas há também momentos em que a água chega a bater na cintura.

São sete quilômetros de caminhada no total, em uma das paisagens mais impressionantes do Mato Grosso do Sul. E, embora eu não seja a pessoa mais atlética do mundo, posso dizer com tranquilidade: voltei cansada, mas inteira.

As águas cristalinas da Trilha Cânion do Rio Salobra estão entre as mais lindas que já viCecília Carrilho/Arquivo pessoal

Os Cânions do Salobra ficam dentro do Eco Serrana Park. O trajeto até lá é, em sua maior parte, por rodovia asfaltada, mas há trechos em estrada de chão. Apesar disso, o acesso é tranquilo e não apresenta grandes dificuldades. Quando visitei o local, fui com carro próprio, mas quem não estiver motorizado pode contratar um transfer compartilhado com agências como a Vanzella Transportes, que sai de Bonito às 7h e retorna às 17h.

Começa na fazenda, termina na memória

O receptivo fica na Fazenda Remanso, onde o clima já convida a desacelerar. Após chegar ao local, o grupo recebe as instruções de segurança. A partir dali é só o som das folhas, dos pássaros e da água escorrendo entre as pedras.

Chamada de Acqua Trekking, a trilha de sete quilômetros é feita em água cristalina e gelada, daquelas que arrepiam o corpo, mas também despertam. Durante as cinco horas de caminhada, fizemos paradas para banho em piscinas naturais, pequenas cachoeiras e trechos com vista para paredões que chegam a 90 metros de altura.

Continua após a publicidade

Uma das minhas paradas favoritas envolvia o rio cristalino e esverdeado, o chão de pedras e uma quantidade absurda de borboletas. Sério, absurda mesmo. Havia borboletas de todos os tipos e cores, que tornavam a paisagem ainda mais bonita. A maior dificuldade de todo o passeio é tentar tirar uma foto delas, ainda que uma tenha até pousado no meu boné.

Em alguns momentos, a vegetação se fecha e o ar parece mais fresco. Em outros, o céu se abre no alto das pedras e tudo ao redor brilha com a luz do sol. Um dos trechos mais bonitos é conhecido como “Parede que Chora” – nome que vem do efeito causado pela chuva: a água infiltra na rocha e escorre em forma de gotas sobre o rio. Após a chuva, ainda é possível ver a parede gotejando sobre as águas e também as marcas pelas pedras. Se tiver medo de aranhas, o recomendado é não chegar muito perto, já que esse é o point favorito delas.

Já na “Muralha de Jericó”, a paisagem ganha uma escala monumental: trata-se de um paredão de 90 metros de altura, que faz a gente se sentir minúsculo diante da força da natureza.

A trilha é considerada de nível moderado. Há trechos com subidas leves, travessias no leito do rio, pedras escorregadias. Mesmo assim, dá para fazer numa boa, principalmente se você estiver com o calçado certo. No nosso caso, levamos tênis próprios, mas também é possível alugar papetes por R$ 10 na entrada.

Continua após a publicidade

Ao final do percurso, voltamos ao receptivo da fazenda, onde um almoço delicioso nos esperava. Arroz soltinho, feijão, purê, salada… o tipo de comida caseira que acolhe, ainda mais depois de um dia de imersão total na natureza.

Depois do almoço, o ideal é ficar mais um tempo por lá – há redes, sombras de árvores, banheiros e duchas para banho. É o momento de desacelerar de verdade. Se tiver sorte, é possível encontrar araras na região.

O que levar

O roteiro exige preparo básico, mas importante. É essencial levar protetor solar, repelente, boné ou chapéu, roupa de banho por baixo da roupa principal, garrafa de água e um lanche leve (frutas, sanduíches, barrinhas). Uma mochila pequena à prova d’água ou uma bolsa estanque faz toda a diferença, especialmente para guardar documentos, celular e toalha.

Leve também uma troca de roupa seca para a volta, acredite em mim. Lembro que teimei achando que não iria molhar mais que os pés, mas a verdade é que há trechos em que a água bate na cintura. Ou seja, molha bastante.

A idade mínima para o passeio é de 8 anos, e não é necessário ter experiência com trilha. A dica é respeitar seu tempo, ir com calma e curtir as pausas para mergulho. E, claro, não se esqueça: preste atenção e acompanhe o guia.

Continua após a publicidade

Informações práticas

Distância da trilha: 7 km (ida e volta), com duração média de 5 horas
Grau de dificuldade: moderado
Altura dos paredões: até 90 metros
Quanto tempo leva para chegar em Bodoquena: 72 km de Bonito, 266 km de Campo Grande
Para chegar, acompanhe o localizador
Horário do Acqua Trekking 7 km: 9h o check-in, 9h30 a saída pra trilha
Preços: A partir de R$ 395 (adulto), varia dependendo da data. Reservas pelo site.

Outras atividades

Além da trilha de 7 km, há também uma versão mais curta do Acqua Trekking: nesse caso, são apenas quatro quilômetros de percurso, ideal para quem quer combinar com outra atividade no mesmo dia.

Por ali, também é possível fazer o Caiaque Duck, um passeio que mistura trechos a pé e de caiaque inflável. Todas as atividades são conduzidas por guias e respeitam as normas de turismo sustentável da região.

Leia tudo sobre o Mato Grosso do Sul

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

Resolva sua viagem aqui

Reserve hospedagem no Booking

Reserve seu voo

Reserve hospedagem no Airbnb

Ache um passeio na Civitatis

Alugue um carro

Publicidade