Baratas não são apenas insetos indesejados — elas representam um risco concreto à saúde. Os artrópodes podem carregar mais de um milhão de bactérias no corpo e transmitir diversos agentes causadores de doenças graves.
As espécies mais comuns no Brasil são a Periplaneta americana, maior e marrom-avermelhada, encontrada em esgotos e áreas úmidas, e a Blattella germanica, menor e marrom clara, frequentemente encontrada em cozinhas e conhecida como paulistinha.
Segundo Rodrigo Gurgel, professor de Parasitologia e Entomologia Médica da Universidade de Brasília (UnB), a Periplaneta americana apresenta maior potencial de transmissão de doenças por frequentar mais ambientes contaminados e ter alta carga bacteriana no intestino.
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As baratas entram em contato com agentes patogênicos ao circular por lixo, esgoto, fezes e resíduos hospitalares. Bactérias, vírus, fungos, protozoários e ovos de vermes aderem ao corpo do inseto ou são ingeridos e eliminados nas fezes ou regurgitados durante a alimentação, contaminando alimentos e superfícies.
“Elas são vetores mecânicos: não multiplicam os microrganismos no corpo, apenas os carregam e depositam onde passam”, explica Gurgel. Além disso, já foi comprovada a transmissão de bactérias entre baratas pelas fezes.
A infectologista Joana D’Arc ressalta que a maioria das doenças transmitidas por baratas são gastroenterites, mas também há risco de alergias e agravamento de doenças respiratórias. Em ambientes infestados, pessoas alérgicas podem ter crises de rinite, sinusite, bronquite e asma, enquanto idosos, crianças e imunossuprimidos têm maior probabilidade de complicações.
Principais doenças associadas a baratas
Salmonelose e febre tifóide: infecções bacterianas causadas por Salmonella spp., com diarreia, febre e risco de complicações graves.
Diarreias: provocadas por Escherichia coli e Shigella spp., causam diarreia intensa, febre e dor abdominal, podendo levar à desidratação.
Hepatite A: vírus que atinge o fígado, causando icterícia (amarelamento dos olhos e da pele), fadiga e náuseas.
Rotavirose: virose comum em crianças, caracterizada por diarreia aquosa e vômitos.
Candidíase: infecção fúngica por Candida spp., que pode atingir boca, pele e trato genital.
Amebíase e giardíase: protozoários (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia) que causam diarreia, dor abdominal e perda de peso.
Verminoses: como ascaridíase (Ascaris lumbricoides), tricuríase (Trichuris trichiura), ancilostomíase (Ancylostoma spp.) e teníase (Taenia spp.), que afetam o intestino e a absorção de nutrientes.
Além do risco infeccioso, a simples presença desses insetos pode indicar problemas de saneamento e higiene. Segundo os especialistas, a infestação de baratas já foi associada a surtos de hepatite A, diarreia e alergias.
Ela reforça que, embora a pele seja uma barreira natural, a ingestão é a principal via de infecção. Em áreas urbanas, onde há maior concentração de lixo e restos de comida, o risco de infestação e transmissão aumenta consideravelmente.
“O perigo maior é a contaminação de alimentos: ao ingerir algo por onde a barata passou, a pessoa se expõe a microrganismos e substâncias tóxicas”, alerta Joana.
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Periplaneta americana: Uma das baratas mais perigosas, tem cor característica marrom-avermelhada
Jivko Nakev / Getty Images2 de 2
A Blattella germanica é uma barata menor e marrom clara, constantemente encontrada em cozinhas
Tomasz Klejdysz / Getty Images.
Para reduzir o risco, é importante adotar hábitos simples, como: manter a casa limpa, evitar acúmulo de lixo e restos de comida, guardar os alimentos em recipientes fechados e inspecionar ralos e frestas por onde as baratas possam entrar.
Quem tem medo do inseto pode se proteger reforçando barreiras físicas — como telas e vedação de portas — e optando por dedetizações preventivas. Além de afastar o desconforto de encontrar uma barata, essas ações diminuem a chance de contato com microrganismos perigosos.
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