Como apoiar alguém com depressão: saiba o que ajuda e o que atrapalha

A depressão é uma condição de saúde mental que muitas vezes se instala de forma silenciosa, iniciando com mudanças sutis no cotidiano. Alterações no sono, no apetite e na disposição, assim como a perda de interesse por atividades antes prazerosas, podem ser os primeiros sinais da doença.

O que diferencia a depressão de um episódio passageiro de tristeza é a combinação entre a duração e a intensidade dos sintomas, somada aos prejuízos que causam na vida da pessoa.

Quando a tristeza persiste por mais de duas semanas e vem acompanhada de sintomas como desânimo constante, dificuldade para realizar tarefas diárias e pensamentos negativos frequentes, é necessário buscar avaliação médica.

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O que fazer para ajudar alguém com depressão

Estar presente sem pressionar é uma das atitudes mais importantes para apoiar quem enfrenta a depressão. Pequenos gestos demonstram preocupação genuína e ajudam a criar um espaço seguro, sem exigir respostas ou mudanças imediatas.

“Perguntar como a pessoa está, oferecer companhia para tarefas simples ou simplesmente sentar junto em silêncio, transmitem apoio”, explica a psicóloga Marianne Marchetti, que atende em Santo André (SP).

A psicóloga explica que entender o isolamento como parte do processo de recuperação evita que o cuidador interprete mal o afastamento e pressione a pessoa sem necessidade. Por isso, manter o equilíbrio entre apoio e respeito ao espaço individual é essencial. Isso significa comunicar que você está disponível, manter contato regular e compreender quando a pessoa precisar ficar sozinha.

Erros comuns, como dar conselhos prontos, tentar minimizar o sofrimento alheio, fazer pressão para que a pessoa melhore logo, usar a culpa como incentivo ou fazer comparações, tendem aumentar o afastamento.

A psicóloga reforça que a escuta ativa é a ferramenta mais eficaz para apoiar alguém com depressão. Ouvir atentamente e validar o sofrimento da pessoa não significa resolver os problemas dela, mas mostrar que ela não está sozinha e que seus sentimentos são reconhecidos.

“Frases como ‘eu entendo que está sendo difícil’ ou ‘estou aqui para o que precisar’ validam a dor e mostram empatia”, diz Marianne.

Além disso, a especialista destaca que quem oferece apoio também precisa cuidar de si mesmo. Manter atividades prazerosas, procurar apoio de amigos, familiares ou na terapia e respeitar os próprios limites é essencial para evitar desgaste emocional.

“É importante lembrar que oferecer suporte não significa carregar sozinho a responsabilidade pela recuperação do outro”, aconselha Marianne.
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A depressão é uma doença psiquiátrica caracterizada por tristeza profunda, sentimento de desesperança e pela falta de motivação e interesse em realizar qualquer tipo de atividade. Essa condição pode ser crônica, tornando a se repetir em vários momentos da vida, ou episódica, desencadeada por alguma emoção específica

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A luta contra esse mal começa, inicialmente, na busca do paciente por ajuda. Em seguida, além do tratamento indicado por um especialista, mudanças no hábito de vida são essenciais para combater a doença

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Um desses hábitos é ter boas noites de sono. Dormir bem é necessário para manter a saúde mental. Alguns estudos sugerem que pessoas com insônia são até dez vezes mais propensas a ter depressão

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Manter-se longe de situações que podem causar estresse é outra recomendação. Apesar de parecer impossível excluir essa reação tão danosa das nossas vidas, uma vez que ela é provocada por fatores que não podem ser controlados, é possível gerenciar os nossos sentimentos durante situações estressantes. Autoconhecimento e certas técnicas ajudam a lidar com o problema

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Realizar atividades físicas é outra indicação para quem tem depressão. Além de manter a cabeça ocupada e focada, exercícios ajudam o corpo a liberar endorfina, substâncias químicas que reduzem a dor e melhoraram o humor. Praticar dança, natação, vôlei ou qualquer outra atividade que você se interesse pode fazer toda diferença

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O álcool pode agravar sintomas depressivos em função de seus efeitos sobre o sistema nervoso central. Beber deixa o paciente menos propenso a seguir o tratamento contra a depressão. Também o coloca em situações mais propícias para ter problemas em casa ou no trabalho

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Manter distância de pessoas negativas é outro hábito que deve ser praticado por quem luta contra a doença. É muito importante ter uma rede de pessoas confiáveis com quem se possa conversar sobre a vida. Contudo, para pessoas que estão em um momento de fragilidade pode não ser adequado ficar repassando assuntos negativos

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Se você não está se sentindo bem, procure permanecer ao lado de pessoas que o alegram e despertam sentimentos positivos

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Assim como em qualquer outra condição, é preciso assumir o problema para que ele possa ser tratado. Portanto, se você está se sentindo deprimido, não deixe de buscar ajuda

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Geralmente, a psicoterapia costuma ser a primeira indicação para casos leves. Já para quadros moderados e graves, o uso de antidepressivos é a conduta mais indicada. Segundo especialistas, quando o tratamento é feito de maneira precoce, os resultados são muito melhores, proporcionando mais tempo livre de sintomas e redução da chance de novos eventos

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O papel do tratamento na recuperação da depressão

O tratamento da depressão envolve acompanhamento médico, psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos que ajudam a pessoa a recuperar a motivação e a clareza mental. Essas estratégias combinadas permitem que o paciente retome atividades diárias e se beneficie mais das terapias.

A psiquiatra Milliane Rossafa, que atende em Rio Preto (MG), explica que os sinais da doença surgem de forma gradual. Observar essas alterações com atenção é fundamental para que a pessoa busque apoio médico e psicológico antes que os sintomas se intensifiquem e prejudiquem ainda mais a rotina e o bem-estar.

O tratamento medicamentoso, segundo Milliane, atua para corrigir desequilíbrios neuroquímicos, proporcionando energia e clareza mental, o que aumenta a eficácia da psicoterapia e de outras intervenções.

“O tratamento medicamentoso ainda carrega estigmas, mas é importante explicar que ele não muda a personalidade, nem é sinal de fraqueza”, diz a psiquiatra.

Em situações mais graves, especialmente quando há risco de suicídio, a prioridade é garantir que a pessoa não fique sozinha. Acionar imediatamente o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188 pode ser uma alternativa.

Ter familiares e amigos que compreendem a doença, oferecem incentivo e respeitam os limites do paciente é decisivo no tratamento. A presença constante, mesmo em silêncio, reforça a sensação de pertencimento e segurança, fundamentais para o enfrentamento da depressão.

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