IA transforma fotos de crianças em risco: entenda o perigo oculto

Você posta aquela foto fofa do seu filho no aniversário esperando apenas alguns likes e comentários carinhosos. Mas, do outro lado da tela, ferramentas de inteligência artificial podem transformar essa mesma imagem em algo que você jamais imaginou e que não dá para apagar da internet.

Aplicativos que criam nudes falsos com um clique estão se espalhando e mudando a forma como pais precisam pensar antes de publicar imagens das crianças online – e esse alerta já era feito por magnatas como Mark Zuckerberg antes mesmo da popularização das IAs.

Esses programas funcionam de maneira assustadoramente simples. Basta uma foto do rosto para que a inteligência artificial crie imagens falsas de nudez com realismo chocante. Muitas vezes, esses conteúdos são feitos por colegas de escola, circulam entre grupos fechados e podem causar danos emocionais profundos.

O pior é que mesmo que as leis punam quem publica o material, nada impede que a imagem seja gerada e guardada de forma privada, longe do alcance das autoridades.

Além desse risco, ainda existem ameaças mais antigas que não desapareceram. Fotos de momentos aparentemente inocentes, como uma festa de aniversário, podem revelar informações pessoais valiosas. Data de nascimento, local onde a criança estuda ou até a rotina da família podem ser captados por quem está de olho. Essas peças de informação, quando combinadas, viram um prato cheio para crimes como roubo de identidade ou perseguição online.

O mito da conta privada

Configurar o perfil como privado e limitar o acesso às fotos apenas para amigos e familiares pode parecer uma barreira sólida contra abusos, mas está longe de ser uma solução infalível. Especialistas em segurança infantil alertam que, na maioria dos casos, agressores não são completos desconhecidos: muitas vezes, fazem parte do círculo de confiança da própria vítima.

Perfil privado não é sinônimo de proteção: até pessoas de confiança podem usar suas fotos de forma maliciosa (Imagem: AYO Production/Shutterstock)

Isso significa que mesmo alguém com acesso autorizado ao seu perfil – um colega de trabalho, um conhecido distante ou até um amigo de infância – pode captar imagens e usá-las de forma maliciosa. A sensação de segurança proporcionada por um cadeado no ícone do perfil, na prática, pode ser mais ilusória do que real.

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Quem faz o alerta é o The New York Times: controlar quem vê suas postagens reduz a exposição, mas não elimina o risco de que as imagens sejam copiadas e usadas de formas que fogem totalmente ao seu controle. Por isso, cada foto de criança publicada na internet precisa ser pensada com cuidado redobrado.

Vale mesmo a pena?

Na era digital, compartilhar informações faz parte da nossa rotina quase sem que a gente perceba. Divulgamos nossa localização para usar um aplicativo de mapas e cedemos dados pessoais em troca de conveniência. Mas quando se trata de fotos de crianças, vale parar e perguntar: será que vale mesmo a pena alimentar esse perigoso algoritmo?

Cada foto postada alimenta um sistema que lucra com seus dados — e expõe ainda mais as crianças (Imagem: mundissima/Shutterstock)

As redes sociais oferecem uma forma rápida e prática de mostrar momentos importantes para amigos e familiares, mas quem mais lucra com isso são as próprias plataformas. Cada curtida, comentário e imagem publicada alimenta um sistema que coleta dados para manter usuários conectados o máximo de tempo possível.

Há alternativas mais seguras para compartilhar memórias, como criar álbuns privados em serviços como iCloud e Google Fotos. No fim, pode ser impossível controlar todas as exposições, mas reduzir o que se compartilha já é um passo importante. Até que a criança cresça e possa decidir por conta própria, manter suas fotos fora das redes é uma escolha que protege hoje e pode evitar dores de cabeça amanhã.

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