O Brasil registrou 22 casos de sarampo em 2025, sendo 17 deles relacionados a um surto em uma comunidade rural no município de Campos Lindos, em Tocantins. A transmissão envolveu pessoas não vacinadas, inclusive um profissional de saúde, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
O cenário perigoso no Brasil se alia ao crescimento de casos em países vizinhos. Nos países da América do Norte, são mais de 10 mil casos registrados, e países como Bolívia e Argentina vivem um aumento intenso nos diagnósticos doença.
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O combo de ameaças levou o Ministério da Saúde a reforçar a necessidade de ampliar a cobertura vacinal para evitar que os surtos da doença se reestabeleçam por aqui, considerando que o Brasil reconquistou seu título de país livre do sarampo recentemente, em 2024.
A principal medida adotada pelo Ministério da Saúde foi a inclusão no calendário da chamada dose zero, uma vacina aplicada em bebês de seis a onze meses. A etapa extra não substitui as vacinas previstas no calendário comum, como a tríplice ou tetraviral, que deve ser aplicada a partir dos 12 meses, mas antecipa a proteção em bebês mais novos.
O que é o sarampo?
O sarampo voltou a circular no Brasil após ter sido eliminado em 2016, principalmente por causa da queda na cobertura vacinal. No início de 2025, o país voltou a ser considerado livre da doença.
A doença é altamente contagiosa e o vírus pode sobreviver no ar por até 24 horas, sendo muito mais transmissível que outros vírus como o da gripe e o da Covid-19.
O sarampo pode causar complicações graves como pneumonia e encefalite, a inflamação do cérebro, especialmente em crianças menores de 5 anos, sendo potencialmente fatal.
A vacina tríplice viral é a principal forma de prevenção. Deve ser aplicada nos bebês em duas doses, aos 12 e 15 meses de idade.
Em casos de surtos surtos, o Ministério da Saúde recomenda uma dose da vacina para crianças a partir dos 6 meses de idade e também a re-vacinação de adultos.
De acordo com nota técnica nº 49 do Ministério da Saúde, que estabeleceu a estratégia em 8 de agosto, a imunização extra deve ser ampliada em todos os municípios do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins, que registraram casos suspeitos nas últimas 12 semanas ou fazem fronteira com regiões de alto índice de casos.
Os municípios que fazem fronteira com Argentina e Uruguai do Rio Grande do Sul também foram incluídos na lista, assim como as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Santos, no Estado de São Paulo.
“O objetivo é interromper qualquer possibilidade de transmissão, vacinando o público-alvo no menor tempo possível, especialmente nas áreas de maior vulnerabilidade”, afirmou Frederico Moraes, gerente de Imunização da SES de Mato Grosso do Sul, estado em que, neste ano, foram registrados 29 casos suspeitos — 25 já foram descartados e 4 seguem em investigação.
A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou na segunda-feira (18/8) diretrizes orientando médicos de todo o país a recomendarem a dose zero aos pacientes.
Incentivos financeiros para ampliar a proteção
A Paraíba criou um modelo ainda mais ousado de incentivo financeiro para os municípios que elevarem as taxas de vacinação. Prefeituras que atingirem 95% de cobertura em crianças de até um ano de idade receberão R$ 500 por sala de vacina ativa.
O estado também fixou premiação para alcançar maior vacinação entre a população entre dois e 59 anos, que deve ser imunizada sempre que não estiver com o calendário completo. Municípios que ampliarem em pelo menos 20% a aplicação das doses nesse grupo também receberão R$ 500 por sala registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.
O valor total do programa é de R$ 1,3 milhão, segundo publicação no Diário Oficial da terça-feira (19/8). A Secretaria da Saúde recomenda que os recursos sejam usados para recompensar diretamente equipes de imunização responsáveis pelas ações em cada município.
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