Os avanços tecnológicos estão historicamente ligados ao campo militar. E não seria diferente com a inteligência artificial. A ferramenta já é adotada por forças armadas de diversos países e está moldando a guerra moderna.
Mas a IA também está promovendo uma revolução no comando dos exércitos. A tecnologia pode automatizar tarefas rotineiras, compactar cronogramas de decisão e habilitar postos de comando menores e mais resilientes.
Conceito do quartel-general precisa ser atualizado
Em artigo publicado no The Conversation, Benjamin Jensen, professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais, explica que as estruturas de comando de hoje datam do século XIX.
Segundo o especialista, elas ainda refletem o quartel-general de Napoleão Bonaparte.
Na época, estes espaços aumentaram de tamanho, o que acabou deixando a coordenação cada vez mais complexa.
Atualmente, isso torna estes locais alvos fáceis para bombardeios ou outros tipos de ataques inimigos.
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IA é fundamental, mas militares humanos não serão deixados de lado
De acordo com Jensen, os agentes de IA já estão maduros o suficiente para serem implantados em sistemas de comando militares. Esses recursos prometem automatizar a fusão de várias fontes de inteligência, modelagem de ameaças e até mesmo ciclos de decisão limitados em apoio aos objetivos de um comandante.
Esses agentes de IA podem analisar manuais doutrinários, elaborar planos operacionais e gerar cursos de ação, o que ajuda a acelerar o ritmo das operações militares. Experimentos – incluindo esforços que executei na Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais – demonstraram como até mesmo grandes modelos básicos de linguagem podem acelerar as estimativas da equipe e injetar opções criativas e orientadas por dados no processo de planejamento. Esses esforços apontam para o fim das funções tradicionais da equipe.
Benjamin Jensen, professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais
Tudo isso sem abrir mão dos militares humanos. O professor afirma que a ética ainda será um fator importante nas guerras, uma capacidade que os algoritmos ainda não podem reproduzir. Apesar da limitação, a tecnologia já é fundamental para o setor.
Os militares precisarão investir em poder computacional adicional para construir a infraestrutura necessária para executar agentes de IA em formações militares. Em segundo lugar, precisarão desenvolver medidas adicionais de segurança cibernética e realizar testes de estresse para garantir que a equipe aprimorada pelo agente não seja vulnerável quando atacada em vários domínios, incluindo o ciberespaço e o espectro eletromagnético. Por fim, os oficiais terão que aprender como os agentes de IA funcionam, incluindo como construí-los, e começar a usar a sala de aula como um laboratório para desenvolver novas abordagens para a antiga arte do comando militar e da tomada de decisões.
Benjamin Jensen, professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais
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