Entenda os desafios da NASA para levar um reator nuclear à Lua

A NASA planeja retornar à Lua em grande estilo, com astronautas e infraestrutura para que dessa vez a humanidade possa se estabelecer em seu satélite natural. Durante uma coletiva de imprensa no dia 5 deste mês, o administrador interino da NASA, Sean Duffy, explicou o plano da agência de dar um passo além e construir um reator nuclear na Lua até 2030.

Segundo Duffy, esse projeto faz parte de uma nova corrida espacial, cujo objetivo é estabelecer a presença humana na Lua rapidamente, e para isso é necessário energia. Para ele, uma fonte energética poderá estabelecer uma futura economia lunar e fortalecer a segurança nacional dos Estados Unidos no espaço.

NASA pretende levar humanos de volta para a Lua em 2027. (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

O administrador também alertou para o avanço da China, a principal concorrente dos EUA no espaço atualmente. Ele disse que deseja que os Estados Unidos peguem a melhor parte da Lua, com mais gelo e luz solar.

Porém, esse projeto enfrentará desafios para ser concluído. Em um novo artigo para o site The Conversation, o professor Clive Neal, docente de Engenharia Civil e Ambiental e Ciências da Terra na Universidade de Notre Dame, explicou os principais dilemas enfrentados pela NASA na construção e manutenção de um reator nuclear na Lua.

NASA deverá encontrar o local com mais recursos

Encontrar o melhor local, com recursos para suportar a vida humana por períodos cada vez maiores, é um dos principais fatores, segundo o professor. Dentre eles, a água congelada descoberta em crateras lunares será essencial para o funcionamento do reator.

Atualmente, a NASA tem três sondas orbitando o satélite natural da Terra e coletando dados da presença e localização do gelo. O trio Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), ARTEMIS P1, ARTEMIS P2 registra informações lunares há quase duas décadas e, em conjunto com rovers, indica e confirma os “pontos quentes” de presença de água.

Segundo Neal, a missão VIPER (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover), caso seja reativada, poderá servir para encontrar o melhor local em solo lunar com acesso à água. Para ele, a NASA provavelmente poderá ter esse dado em um ou dois anos se investir nessa busca.

Ilustração artística do rover VIPER da NASA, projetado par caçar gelo, explorando a Lua. (Imagem: NASA/Daniel Rutter)

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Reator deverá ficar longe das plataformas de lançamento

Caso a construção for bem-sucedida e o reator nuclear entrar em operação na Lua, o próximo desafio será proteger essa estrutura da constante agitação de rocha e poeira devido à movimentação dos foguetes. 

Os jatos de detritos poderiam danificar tudo ao redor do local de pouso, a menos que essas estruturas estejam atrás de grandes pedras ou a mais de 2,4 quilômetros de distância, segundo o professor.

“Até que a NASA consiga desenvolver uma plataforma de lançamento e pouso personalizada, usar a topografia natural da superfície lunar ou posicionar estruturas importantes atrás de grandes rochas pode ser uma solução temporária”, escreveu.

Ilustração artística de um sistema de energia lunar. A NASA planeja uma presença sustentada na Lua e, eventualmente, em Marte. Energia segura, eficiente e confiável será fundamental para a futura exploração robótica e humana. (Imagem: NASA)

Segundo Neal, será necessária uma plataforma exclusiva para o reator, independentemente do local escolhido, já que sua instalação exigirá várias missões para o transporte de materiais e equipes.

Retornar à Lua será uma tarefa complexa, que exigirá planejamento e grandes investimentos. Com a missão Artemis 3, prevista para meados de 2027, a NASA pretende levar novamente astronautas ao solo lunar, quase 60 anos após a histórica Apollo 11.

A tripulação ainda não foi definida, mas a expectativa é que permaneça seis dias na superfície, inaugurando uma nova etapa da presença humana fora da Terra. Para Neal, ter uma base na Lua será um ponto de partida para a humanidade chegar a Marte, onde desafios ainda maiores a aguardam

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